ATA DA DÉCIMA SEGUNDA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 18.03.1998.
Aos dezoito dias do mês de
março do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib,
José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum,
Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sônia Santos e Tereza Franco. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio
Losada, Carlos Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz,
Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Henrique
Fontana, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal e Renato
Guimarães. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias
das Atas da Décima Sessão Ordinária e da Primeira Sessão Especial, que foram
aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Carlos Garcia, a Subemenda
nº 01 à Mensagem Retificativa aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 66/96
(Processo nº 2874/6); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de
Providências; pelo Vereador João Dib, os Pedidos de Informações nºs 20, 22, 23
e 24/98 (Processos nºs 772, 817, 818 e 819/98, respectivamente; pelo Vereador
Juarez Pinheiro, a Indicação nº 14/98 (Processo nº 791/98). Foram apregoados os
seguintes Requerimentos, deferidos pelo Senhor Presidente, solicitando
desarquivamentos: do Vereador Eliseu Sabino, do Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 20/97 (Processo nº 2566/97) e do Projeto de Resolução nº 21/97
(Processo nº 1947/97); da Vereadora Tereza Franco, do Projeto de Lei do
Legislativo nº 169/97 (Processo nº 2763/97). Ainda, foi apregoado o Ofício nº
117/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 01/98 (Processo nº 871/98). Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 110, 111 e 112/98, do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; 01/98, do Ver. Marcelino Piano, Presidente da Câmara Municipal de
Casca/RS; 38/98, da Senhora Margarete Nunes, da Assessoria da Mulher da
Prefeitura Municipal de Porto Alegre; 647/98, do Senhor Gilberto Chiapinotto,
Superintendente de Negócios da Caixa Econômica Federal - CEF; 1162/98, do
Senhor Omar Jacques Amorim, Superintendente-Geral do Tribunal de Contas
do Estado do Rio Grande do Sul; s/nº, da Senhora Alzira Dornelles Bán,
Presidente da Associação Amigos e Moradores do Bairro Menino Deus - ASSAMED;
Convites: do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, do Bradesco Seguros S. A. e
dos Acionistas da Companhia União de Seguros Gerais, para o "Cocktail souper"; Notificações: 112, 220 e 221/98,
do Senhor Barjas
Negri, Secretário Executivo do Ministério da Saúde. A seguir, foi
apregoado Requerimento da Vereadora Tereza Franco, solicitando Licença para
Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança o Suplente Jocelin Azambuja, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Na
oportunidade, por solicitação da Vereadora Sônia Santos, o Senhor Presidente
determinou a abertura da porta lateral deste Plenário. A seguir, o Vereador
Gerson Almeida solicitou esclarecimentos acerca da regimentalidade de Pedido de
Providências protocolado pelo Vereador João Carlos Nedel, relativo à
Instituição Comunitária de Crédito - Portosol. Após, o Senhor Presidente
registrou a presença dos Senhores Carlos Alberto Jaques Castro, Martha Arnold,
Américo Brasil e Dulce Cardoso, respectivamente, Diretor-Geral, Diretora de
Imprensa, Secretário-Geral e Diretora do Sindicato dos Trabalhadores em
Processamento de Dados no Estado do Rio Grande do Sul - SINDPPD/RS, e do Senhor
Sadi Jacques. Em prosseguimento, concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora
Martha Arnold, que discorreu sobre a luta do Sindicato que representa, na busca
da preservação dos direitos dos trabalhadores, tendo em vista o processo de
privatização da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do
Sul - PROCERGS, e sobre a criação de cooperativa destinada a possibilitar que
os funcionários dessa empresa possam habilitar-se à compra da mesma. Na
ocasião, a Vereadora Maria do Rosário manifestou seu apoio ao pronunciamento da
Senhora Martha Arnold e o Vereador Gerson Almeida formulou Requerimento verbal,
para fornecimento de cópia de Requerimento protocolado por Sua Excelência, no
qual solicita a realização de debate público acerca do processo de
desestatização da PROCERGS. A seguir, constatada a existência de "quorum",
foi aprovado Requerimento verbal do Vereador Pedro Ruas, solicitando alteração
na ordem dos trabalhos. Às quatorze horas e trinta e quatro minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, tendo sido retomados às quatorze
horas e trinta e cinco minutos, constatada a existência de “quorum,
iniciando-se o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o
transcurso dos dez anos de falecimento do Jornalista, ex-Vereador e
ex-Vice-Prefeito de Porto Alegre, Glênio Peres, nos termos do Requerimento nº
42/98 (Processo nº 596/98), de autoria do Vereador Pedro Ruas. Compuseram a
Mesa: os Vereadores Luiz Braz e Clovis Ilgenfritz, respectivamente, Presidente
e 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José
Fortunati, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, representando o Senhor
Prefeito Municipal; a Senhora Lícia Peres, viúva do Homenageado; o Senhor
Sereno Chaise, Presidente Regional do Partido Democrático Trabalhista - PDT; o
Senhor Lorenzo Peres,
filho do Homenageado; o Senhor Valmir Batista,
Vice-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RS; o Senhor Jair
Krischke, Presidente do Movimento de Justiça dos Direitos Humanos; a
Senhora Mila Cauduro, representante nacional do Partido Democrático
Trabalhista; o Vereador Juarez Pinheiro, 1º Secretário da Casa. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as
presenças do Major Celso da Silva, representante do Comando-Geral da Brigada
Militar; da Senhora Margarete Costa Moraes, Secretária Municipal da Cultura;
dos Senhores Luiz Carlos Peres, Paulo Peres,
Tasso Peres e Pedro Peres, irmãos do Homenageado; da Senhora Maria
Teresa Rodrigues Gomes, tia do Homenageado; do Senhor Fábio Alberto Fernandes,
esposo da Senadora Emília Fernandes; do Senhor Luiz Fernando Kael, Assessor
Parlamentar da Senadora Emília Fernandes; do Senhor Carlson Aquistapasse,
representante do Diretor da Empresa Porto-Alegrense de Processamento de Dados -
PROCEMPA; do Senhor Ervino Besson, Chefe de Gabinete do Deputado Estadual Cyro
Simoni; dos Senhores Sady Jacques e Carlos Alberto Jacques de Castro, Diretores
do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados no Estado do Rio
Grande do Sul - SINDPPD/RS; dos ex-Vereadores Mário Fraga e Índio Vargas; da
Senhora Eni Bach; do Senhor João Verle, Diretor-Geral do Departamento Municipal
de Habitação - DEMHAB; do Senhor Ismar Ruas, pai do Vereador Pedro Ruas, do
Senhor Leonel Rocha, Presidente da Juventude Socialista do PDT; do ex-Vereador
Cleom Guatimozim; da Senhora Dinah Gastal; do Senhor Celso Koetz. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Pedro Ruas
prestou sua homenagem à figura do Senhor Glênio Peres, rememorando fatos da
vida desse político, relativos à sua atuação como jornalista, poeta e militante
em defesa dos direitos humanos. O Vereador Nereu D’Ávila teceu considerações
acerca da atuação do Senhor Glênio Peres enquanto detentor de mandato neste
Legislativo, em um período da História brasileira em que as liberdades
individuais não eram respeitadas. Ainda, relembrou a música
"Saudade", de autoria do Homenageado. A Vereadora Maria do Rosário
manifestou sua admiração pelo Homenageado, ressaltando o comprometimento que o
Senhor Glênio Peres sempre teve para com a causa da liberdade, visando à
consolidação dos ideais democráticos do povo brasileiro. O Vereador Jocelin
Azambuja destacou as atividades do Senhor Glênio Peres no campo político,
salientando as características de
seriedade e responsabilidade que
sempre pautaram os atos de Sua Senhoria. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora
Clênia Maranhão discorreu sobre a contribuição do Senhor Glênio Peres para a
política do Estado do Rio Grande do Sul, declarando que seus atos denotavam a
esperança de que a igualdade política e econômica se tornasse real para todos
os cidadãos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Vereador Pedro Américo Leal historiou fatos relativos às atividades do Senhor
Glênio Peres como poeta e homem público, procedendo à leitura de trechos da
poesia “Saudade”, do Poeta Catulo da Paixão Cearense. O Vereador Reginaldo Pujol
referiu-se à trajetória política do Senhor Glênio Peres, analisando fatos
históricos relativos à atividade parlamentar do Homenageado, em especial ao
episódio da cassação de seu
mandato. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann ressaltou a
importância do trabalho do Senhor Glênio Peres, principalmente no que se refere
à busca do desenvolvimento da área da comunicação e à regulamentação das vilas
populares. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Sônia Santos manifestou sua
admiração pelo Senhor Glênio Peres, tecendo considerações a respeito dos
posicionamentos por ele adotados a respeito dos problemas sociais, notadamente
em relação à questão do menor abandonado. Em continuidade, o Senhor Presidente
concedeu a palavra à Senhora Lícia Peres, que agradeceu a homenagem prestada por
este Legislativo ao Senhor Glênio Peres. Às dezesseis horas e vinte e quatro
minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou suspensos
os trabalhos, nos termos regimentais, tendo os mesmos sido retomados às
dezesseis horas e trinta e seis minutos, constatada a existência de “quorum”. A
seguir, foi apregoado Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na
Vereança o Suplente Sebastião Melo, informando que Sua Excelência integrará a
Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Henrique Fontana contraditou declarações prestadas pelo Deputado Estadual Onyx
Lorenzoni, acerca da sistemática adotada pelo Executivo Municipal a fim de
gerenciar os recursos destinados à área da saúde, refutando teor de panfletos a respeito distribuídos
aos Senhores Vereadores. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou o
recebimento de lembranças enviadas pela direção do Instituto Porto Alegre - IPA
. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol, reportando-se ao
pronunciamento do Vereador Henrique Fontana, comentou as denúncias efetuadas
pelo Deputado Estadual Onyx Lorenzoni, relativas à gestão dos recursos destinados
à manutenção do serviço de saúde pública de Porto Alegre. O Vereador Antonio
Hohlfeldt relatou dificuldades
enfrentadas pelos estudantes da Pontifícia Universidade Católica de Porto
Alegre - PUC, em relação aos congestionamentos verificados na Avenida Ipiranga
nos horários de entrada e saída das aulas, e solicitou que a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação acompanhe o caso e interceda junto à
Secretaria Municipal dos Transportes. O Vereador João Dib referiu-se a
deliberações da Comissão de Constituição e Justiça, em relação a análises de
dispositivos da Lei Orgânica Municipal feitas por esta Comissão, referentes aos
procedimentos a serem adotados pela Casa na fiscalização dos atos do Poder
Executivo. O Vereador Jocelin Azambuja teceu críticas à atuação da Prefeitura
Municipal no referente à questão do ensino público, notadamente quanto à
implantação de currículos, à aplicação de verbas e aos critérios de avaliação
adotados pelas escolas municipais. O Vereador Carlos Garcia, retomando pronunciamentos
efetuados anteriormente, discorreu sobre o sistema de transporte coletivo
urbano colocado à disposição dos moradores do Bairro Belém Velho, ressaltando
a existência de um abaixo-assinado daquela comunidade,
relatando problemas de falta de estrutura básica e solicitando providências
acerca da questão. O Vereador Nereu D'Ávila teceu considerações acerca do
sistema público de saúde em Porto Alegre, analisando situação verificada junto
ao Hospital Fêmina, quando foi realizado um parto no saguão desse Hospital, e
comentando providências tomadas a partir desse fato. A seguir, constatada a
existência de "quorum", foi
aprovado Requerimento do Vereador José Valdir, solicitando Licença para Tratar
de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossada na vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua
Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Renato Guimarães discorreu acerca da crise observada no
Sistema Único de Saúde - SUS, com a
falta de verbas e a superlotação de hospitais, destacando a necessidade urgente
de um amplo debate, com a participação do Ministério da Fazenda, para que seja
viabilizado um melhor atendimento nos hospitais do interior do Estado e,
conseqüentemente, em Porto Alegre. Na oportunidade, o Vereador João Dib
formulou Requerimento verbal solicitando que a Comissão de Saúde e Meio
Ambiente analise Parecer da Comissão de Constituição e Justiça, segundo o qual
a Prefeitura de Porto Alegre não aplica treze por cento de seu orçamento na
área da saúde, tendo o Senhor Presidente informado que tal Requerimento deve
ser encaminhado por escrito e tendo os Vereadores Renato Guimarães e João Dib
manifestado-se a respeito do mesmo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram:
em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 09 e 10/98; em 2ª Sessão, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 13/98, o Projeto de Lei do Executivo nº 07/98
e o Projeto de Resolução nº 04/98; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo
nºs 04 e 12 e os Projetos de Lei do Executivo nºs 05/98 e 06/98. Após, foi apregoado o Ofício nº 119/98, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, informando que o Vice-Prefeito Municipal
deverá ausentar-se do Município no dia vinte de março do corrente. Em
prosseguimento, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a
ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal da Vereadora Maria do Rosário,
solicitando alteração na ordem de apreciação dos projetos a serem votados. Em
Discussão Geral e Votação Nominal foi rejeitado o Projeto de Lei do Executivo
nº 42/97, em sua parte vetada, considerando-se aceito o Veto Parcial a ele
aposto, por nove votos SIM e vinte e dois votos NÃO, após ser discutido pelos
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Gerson Almeida, Adeli Sell, João Dib, Anamaria
Negroni, Elói Guimarães, Henrique Fontana, Lauro Hagemann, Reginaldo Pujol,
Guilherme Barbosa e Isaac Ainhorn e encaminhado à votação pelos Vereadores
Nereu D'Ávila, Sebastião Melo e Maria do Rosário, tendo votado Sim os Vereadores
Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Fernando Záchia, Luiz
Braz, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Jocelin Azambuja e Sebastião Melo e Não os
Vereadores Adeli Sell,
Antônio Losada, Carlos Garcia,
Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói
Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn,
João Carlos Nedel, João Dib, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário,
Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Renato Guimarães, Cyro Martini e
Maristela Maffei. Durante a apreciação deste Projeto, os Vereadores Cláudio
Sebenelo e Renato Guimarães cederam seus tempos de discussão aos Vereadores
Antonio Hohlfeldt e Gerson Almeida, respectivamente. Também, foi aprovada a
prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, tendo a
mesma sido encaminhada à votação pela Vera. Sônia Santos. Em Discussão Geral e
Votação Nominal foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
15/97, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto, por vinte e quatro
votos SIM, tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Carlos
Garcia, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia,
Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, Juarez
Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro
Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sônia Santos, Cyro Martini, Jocelin
Azambuja, Maristela Maffei e Sebastião Melo. Na oportunidade, face a
solicitação do Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou informações
acerca do processo de discussão deste Projeto. Também, o Vereador Reginaldo
Pujol prestou esclarecimentos acerca do encaminhamento dos trabalhos da
presente Sessão. Em Discussão Geral e
Votação Nominal esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 112/97, com Veto
Parcial. Na ocasião, constatada a inexistência de "quorum", o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas e trinta minutos,
convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada amanhã,
às quinze horas. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz e Juarez Pinheiro e secretariados pelos Vereadores Juarez Pinheiro
e Paulo Brum. Do que eu, Juarez Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): A
Vera. Tereza Franco solicita licença para tratamento de saúde no dia 18 de
março de 1998.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença da Vera. Tereza Franco, e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
A
Vera. Sônia Santos, Líder do PTB, está com a palavra para um Requerimento.
A SRA. SÔNIA SANTOS (Requerimento):
Sr. Presidente, eu requeiro que seja solicitada à Casa a abertura da porta
lateral para que o Ver. Paulo Brum possa adentrar no Plenário.
O SR. PRESIDENTE:
A Presidência dos trabalhos acata o pedido de V. Exa. e solicita aos senhores
servidores que procedam, imediatamente, à abertura da porta para que o Ver.
Paulo Brum possa adentrar no Plenário.
O SR. GERSON ALMEIDA (Esclarecimento):
Sr. Presidente, chamou-me a atenção o Requerimento, lido pelo Sr. Secretário,
que solicita a baixa dos juros da Instituição Portosol. Fico surpreso, não sei
se há alguma base regimental para que procedamos a um Requerimento desta ordem,
posto que é uma instituição não-estatal, uma
instituição pública que é regrada por inúmeras outras circunstâncias.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa vai examinar o assunto, embora já
esteja apregoado, vamos ver se cabia ou não o recebimento do referido Requerimento.
O SR. GERSON ALMEIDA: A minha solicitação foi feita ato contínuo ao apregoamento, porque
só tomei conhecimento dele neste momento.
O SR. PRESIDENTE:
O seu pedido vai ser encaminhado.
Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
O
artigo 100, da Lei Orgânica do nosso Município, permite que uma entidade use o
tempo livre por dez minutos. A Entidade que hoje solicitou o tempo, e foi
concedido, é o Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Rio
Grande do Sul – SINDPPD/RS.
O
assunto é o processo de privatização da PROCERGS. A oradora será a Sra. Martha
Arnold, Diretora de Imprensa; acompanhada da Sra. Dulce Cardoso, Diretora do
Sindicato; o Sr. Carlos Alberto Jaques Castro, Diretor-Geral; e o Sr. Sadi
Jaques.
A
Sra. Martha Arnold está com a palavra.
A SRA. MARTHA ARNOLD: Boa tarde a todos presentes, Srs. Vereadores e
ouvintes. Venho trazer aqui, hoje, uma questão que está em curso, que é o leilão da PROCERGS. Para quem não sabe
quem é a PROCERGS, basta a gente botar a mão no bolso, tirar a Carteira de
Identidade, e ali a gente já vê o primeiro trabalho da PROCERGS, que é
relacionado à segurança pública. Todo o cadastro de pessoas está lá; os dados
da Polícia Federal também estão lá; os dados judiciários estão lá; as contas de
água dos gaúchos estão lá; as contas da Caixa Econômica Estadual estão lá; o
cadastro de ICMS das empresas gaúchas na Fazenda está lá; todo o Poder Público
- Executivo, Legislativo e Judiciário - tem lá as suas informações, que são
disponibilizadas por nós, trabalhadores da PROCERGS, para consultas.
O
que querem fazer é leiloar a nossa empresa; oferecer parte do capital dessa empresa para a iniciativa privada. Mas
o grande negócio da PROCERGS é o fato de ela não precisar licitar para vender.
Se um parceiro chegar e vender equipamentos, por exemplo, se um grupo como a
IBM comprar parte da PROCERGS, ela, dentro do Estado, vai estar liberada de
licitar para vender seus equipamentos. Se outra empresa entrar, a PROCERGS fica
liberada de licitar qualquer coisa em nível de Município, Estado e União. Esse
é o grande negócio da PROCERGS.
Esse
leilão é feito também visando a necessidade de algumas empresas do setor
privado de entrar no mercado - inclusive com interesse estrangeiro -, que é um
mercado cativo. Nós do Sindicato, através de uma iniciativa do companheiro
Carlos Alberto Jacques de Castro, abrimos três frentes para lutar contra essa
questão. A primeira é a fundação de uma cooperativa de trabalhadores, já que o
artigo 163 permite que uma cooperativa de trabalhadores participe do processo
de privatização e tenha a preferência na compra. Então, nós organizamos essa
cooperativa e ousamos dizer ao Estado que nós, através da cooperativa e de um
parceiro tecnológico, iríamos disputar a venda da PROCERGS. E o parceiro
tecnológico, que é necessário para a venda e que concordou em entrar num
consórcio conosco, foi a Companhia Municipal de Processamento de Dados, a
PROCEMPA. A disponibilidade da PROCEMPA em participar conosco deste processo
trouxe aos trabalhadores da PROCERGS uma vontade de ousar, porque hoje é
ousadia se opor a qualquer coisa que o Executivo do Rio Grande do Sul faça. Em
12 de fevereiro - há pouco mais de 30 dias - conseguimos fundar a Cooperativa
dos Trabalhadores da PROCERGS. Essa cooperativa está-se qualificando para
participar do leilão. No entanto, não tínhamos tempo. E se nada tivéssemos
feito hoje, possivelmente, a PROCERGS já teria sido entregue a um grupo
privado. Entregue, realmente, porque apesar de o Estado ficar com 51% das ações
toda gestão da empresa é entregue ao parceiro privado. É criado um novo cargo,
de Diretor Superintendente, acima do Diretor Presidente. O Diretor Presidente
passa a ser uma “Rainha da Inglaterra”: nada manda, fiscaliza um pouco, e o
parceiro privado passa a mandar em tudo, em todos os negócios e preços.
Com
essa disposição da PROCEMPA fundamos a nossa cooperativa e começamos a
conversar com os funcionários da PROCERGS sobre essa possibilidade. A
Cooperativa possui dois objetivos: primeiro, ousar participar da compra, ousar
chegar ao ponto de ter um parceiro tecnológico e um parceiro financeiro,
mantendo a PROCERGS como empresa pública. Segundo: se tudo der errado - e essa é
a grande angústia dos empregados - de termos uma alternativa de emprego para os
empregados da PROCERGS. Alternativa de emprego em que a Cooperativa poderia
participar do processo de licitação. A Cooperativa se viabilizou em dois
aspectos: queremos participar, queremos nos organizar mas, se tudo der errado,
queremos defender o trabalho de cada trabalhador da PROCERGS que será demitido
por este processo de privatização. Então, a primeira frente é essa da
Cooperativa junto com a PROCEMPA.
A
segunda frente é a ação judicial. O principal objetivo nosso com as ações
judiciais, através do Sindicato, da PROCEMPA e da Cooperativa, é transferir a
data do leilão. Não somos ingênuos, pois o Estado quer privatizar e tem todos
os mecanismos para isso. O que queremos é adiar, e já conseguimos esse
objetivo, para poder viabilizar que grupos interessados ainda em manter a
PROCERGS com o caráter público possam participar, com plenos direitos, do
leilão. Junto então com a PROCEMPA, com escritórios contratados, escritório do Dr.
Macário, o próprio advogado da PROCEMPA, Dr. Atílio, entramos com várias ações,
porque falta base legal para o edital. E a primeira base legal que falta é: ele
dar para as empresas estrangeiras vantagens que empresas brasileiras não
possuem. Uma empresa estrangeira pode participar sozinha; uma empresa
brasileira tem que participar consorciada e, ainda, quem participar do
consórcio, precisa entrar com cinco milhões e trezentos mil reais,
aproximadamente. Então, é difícil achar, hoje, um parceiro nessas condições.
Com
essa questão, nós conseguimos, pelo mandado da PROCEMPA, adiar o leilão, o qual
já deveria ter ocorrido. Eles fizeram recurso ao Tribunal, mas não ganharam,
está mantido o nosso mandado de segurança.
Então,
hoje, nosso esforço é fortalecer a cooperativa, que está com 117 empregados,
cada um entrando com o capital de 500 reais para a formação de capital da
cooperativa. Estamos agilizando a questão do parceiro financeiro. Por quê?
Porque, infelizmente, hoje nós estamos numa época que para governar é preciso
comprar. Você quer governar na parte de saneamento? Compre a CORSAN. Você quer
governar na parte de informação? Compre a PROCERGS. Você quer governar na parte
da energia elétrica? Compre a CEEE. Cada um, então, compre o que quiser e
governe.
Já
que é assim que está, estamo-nos habilitando a comprar. E, até agora, temos
conseguido uma vitória que tem sido difícil para outros companheiros conseguirem.
A
terceira frente que nós temos é com relação a um tal de clube de ações, onde a
posição do Sindicato é impedir que os empregados sejam enganados.
Nós
temos relatos de companheiros da CEEE e da CRT, principalmente da CEEE, que
acabaram comprando ações, pensando estar fazendo um grande negócio. Hoje, não
conseguem vender as suas ações, colocaram o seu salário ali, não conseguem
fazer a transferência dessas.
Mais
de dois mil empregados foram enganados por um Procurador que hoje tem essas
ações, desses empregados, bloqueadas. Parece que é no Município de São
Jerônimo.
Então,
a questão é: vão vender? Que vendam, então, com um edital legal; que vendam,
preservando a 163, que nos dá a prioridade de compra, e que mantenham a
PROCERGS como empresa pública, sem enganar os trabalhadores, sem dar falsas
expectativas de grandes lucros de venda de ações. Esse é o papel do SINDPPD.
Gostaria
de registrar a presença do nosso Presidente, Amaro Silva de Souza, e do
Secretário-Geral, Américo Brasil, que são pessoas que estão nos apoiando.
Pedimos,
então, à Câmara, que também nos apóie,
pois estamos em “um a zero” e esse jogo não tem empate; ou ganha-se ou
perde-se. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PEDRO RUAS (Requerimento): Sr.
Presidente, requeiro, na forma regimental, que se proceda à inversão da ordem
dos trabalhos, para que tenhamos, desde logo, o período de Grande Expediente,
que é destinado a homenagear a passagem dos dez anos do falecimento do
ex-Vereador e ex-Vice-Prefeito Glênio Peres, pois os convidados para essa
homenagem já estão presentes.
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa, assim que a etapa da Tribuna Popular estiver terminada, colocará em
votação o Requerimento de V. Exa.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Quero registrar que estamos elaborando um documento, e queremos convidar as
Lideranças para juntamente elaborarmos esse documento, no sentido de nos somarmos
às preocupações do SINDPPD e da própria Empresa Porto-alegrense de Informática
- a PROCEMPA. Essa é uma matéria sobre a qual já nos pronunciamos, em nome da
Liderança do PT, na Sessão passada.
O SR. PRESIDENTE: A
Mesa registra a intenção da Liderança da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento): Gostaria que a Mesa providenciasse, se
possível, cópia de um Requerimento que este Vereador protocolou junto à Casa,
para que fizéssemos um debate público com todas as partes interessadas a fim de
que possamos aprofundar esse assunto, que é de interesse do Município de Porto
Alegre, como bem colocou a nossa oradora.
O SR. PRESIDENTE: V.
Exa será atendido, assim que chegar à
Mesa. Em votação o Requerimento do Ver. Pedro Ruas, que solicita a inversão na
ordem dos trabalhos. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Antes
de entrarmos no Grande Expediente, agradecemos, em nome da Mesa Diretora da Casa e de todos os Vereadores, a
presença do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados do Estado do
Rio Grande do Sul, que tem uma demanda de grande relevância, de interesse não
só de Porto Alegre mas de todo o Estado. Agradecemos a presença da Sra. Martha
Arnold, Diretora de Imprensa, que fez uso da palavra, acompanhada da Sra. Dulce
Cardoso, Diretora do Sindicato, Sr. Carlos Alberto Castro, Diretor-Geral e o
Sr. Américo Brasil, Secretário-Geral.
Agradecemos
a presença de todos, e a Câmara, seguramente, através das Lideranças dos
Partidos, terá novos procedimentos em relação a esse importante assunto.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h34min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h35min): Passamos
ao
GRANDE EXPEDIENTE
Gostaríamos
de convidar para fazer parte da Mesa as pessoas que nos prestigiam hoje, neste
ato em homenagem à passagem dos 10 anos da morte do jornalista ex-Vereador e
ex-Vice-Prefeito de Porto Alegre, Glênio Peres. Convidamos o Sr. José
Fortunati, representante do Prefeito Municipal Raul Pont, na condição de
Vice-Prefeito e Secretário de Governo; a Sra. Lícia Peres, viúva do nosso
homenageado; o Sr. Sereno Chaise, ex-Prefeito desta Cidade, Presidente do
Partido Democrático Trabalhista no Estado do Rio Grande do Sul. Convidamos,
ainda, para nossa honra, a participar da Mesa, o Sr. Lorenzo Peres, filho do
nosso homenageado; o Dr. Valmir Batista, Vice-Presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil - OAB; o Sr. Jair Krischke, Presidente do Movimento de Justiça dos
Direitos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul; a Sra. Mila Cauduro,
representante nacional do Partido Democrático Trabalhista - PDT. Dando
seqüência a este ato, já com a Mesa completa - nós destacaremos depois as
presenças que forem consideradas extensão da Mesa. Para iniciar as saudações
por esta data tão importante, convidamos o autor do Requerimento, que solicitou
que este espaço fosse reservado para esta homenagem - Requerimento nº 42/98,
Processo nº 596/98 -, Ver. Pedro Ruas, que saúda Glênio Peres. Também gostaria
de dizer que esse Requerimento foi aprovado pela unanimidade da Casa, com
louvor.
O
Ver. Pedro Ruas está com a palavra.
O SR. PEDRO RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Amigos, companheiros e familiares de Glênio Peres, eu simbolizo
esses amigos - que são muitos e são todos, porque Glênio, entre nós, sempre foi
uma unanimidade - na pessoa do Ivan Pereira que, dada a absoluta
impossibilidade de eu referir todos amigos que estão presentes, tenho certeza
de que na pessoa do Ivan sentem-se todos representados. São vários irmãos do
Glênio presentes: jornalistas, artistas, agentes culturais da nossa Cidade,
companheiros de militância política e que nos dão a honra, no dia de hoje, de
estarem aqui presentes. É muito importante, Sr. Presidente Clovis Ilgenfritz,
num dia como hoje, em que Porto Alegre, através da sua representação nesta
Casa, faz o registro de homenagem à passagem dos dez anos do falecimento de
Glênio Peres, que façamos uma breve reflexão sobre o que foi, Vice-Prefeito
Fortunati - cargo, aliás, exercido por Glênio na época de seu falecimento -, a
passagem desse meteoro das boas causas que foi Glênio Peres entre nós. Para
muitos, pode ser uma repetição de alguns fatos, para outros, talvez, ter uma
que outra novidade. Acima de tudo, para todos, a necessidade de fazermos alguns
registros.
O
Glênio que nós conhecemos foi um homem multifacetado, um homem de diversas e
múltiplas atividades, um jornalista, um homem que fundou teatros em Porto
Alegre, um homem que se dedicou à poesia - um poeta, aliás, conhecido e
reconhecido -, um jornalista consagrado que conseguia aliar a sua permanente
militância política, desde os tempos de estudante, a uma gama de atividades, a
uma gama de tarefas que ele trazia para si próprio, de forma absolutamente
incomum, e que não conseguimos verificar no comum das pessoas, no dia a dia dos
militantes das mais diversas áreas.
É
importante salientar que Glênio Peres tinha essa característica marcante, de
conseguir atuar em todas as atividades com o mesmo brilho, com a mesma
competência. Fundador do Clube dos Compositores, fundador de vários teatros,
fundador do PDT, o Glênio tinha essa característica impressionante de em todas
as áreas existir, de em todas estar presente e, em todas elas, ser brilhante.
Nós, no final dos anos 70, início dos anos 80, quando, sob a liderança de
Sereno Chaise, aqui no Estado e em outros tantos - nacionalmente, por Leonel
Brizola -, refundávamos o PTB - logo
depois, o PDT -, tínhamos, em Glênio Peres - e falo de minha experiência pessoal,
jovem naquela época - um modelo, um exemplo a ser seguido. Ele era, para nós,
uma referência permanente, sabia entender aquela ousadia natural da juventude e
a acompanhava com dados e conselhos. O Glênio nunca foi um bombeiro - porque
dizem que as pessoas, em geral, têm a característica de serem incendiários aos
vinte anos e bombeiros aos quarenta. Mas o Glênio passou toda a vida como
incendiário; ele não chegou na fase do bombeiro, o que é um motivo de orgulho.
Para nós, José Fortunati, naquele período marcante, já dos estertores da ditadura
militar, o Glênio era o nosso guia, compreendia os anseios que tínhamos de
militância política e mudança do mundo - ousados, é verdade. Mas ele sabia que
sem esse tipo de sonho nem a menor militância política era possível, Ver.
Guilherme Barbosa; ele tinha essa consciência e nos ensinava isso. Um agitador
cultural por excelência, conseguia aliar todas essas atividades a uma gama de
mandatos que ele enfileirava aqui nesta Casa - quando era ainda em outro
endereço - e se destacava como Vereador, como brilhante legislador, como um
tribuno exemplar, como um homem de idéias, com coragem de denúncia, uma
liderança partidária importante, uma liderança
política, suprapartidária, também importante. Ele tinha essas características
todas e conseguia - e isso me impressionava desde aquela época - mantê-las
vivas de forma competente, sem cansaço e com permanente entusiasmo. Para todos
nós, era aquele o modelo. Eu tive a honra de ser amigo de Glênio e, em diversos
momentos, conviver com ele em reuniões, debates, discussões; lamentar derrotas
e comemorar vitórias. Em duas oportunidades, fui chamado à casa de Glênio, na
Rua Duque de Caxias, onde ainda moram Lícia e Lorenzo. Estive lá uma vez em
1985 e outra em 1988. Em 1985, preparava-me para assumir meu primeiro mandato
nesta Casa, e Glênio me chamou - estava junto Lícia Peres - para me dizer o que era ser vereador em Porto Alegre, o
que ele esperava de um vereador como eu, quando fosse vereador.
Em
1988, saindo da Assembléia Legislativa, recebo um comunicado do companheiro
Marcos Klassmann, de que eu era chamado, novamente, à casa de Glênio, agora
para me despedir. Glênio era portador de uma doença terminal e chamava algumas
pessoas para se despedir. E eu fui. Glênio não falou em doença, em morte ou em
tristeza; falava-me sobre a chama do socialismo, sobre a importância da
militância política e sobre aquilo que ele acreditava nas pessoas às quais ele
havia ensinado. Esse foi o meu último contato com Glênio, e confesso que eu
esperava outro tipo de conversa. O compromisso que assumi ali, Lícia, é o
compromisso que tenho, modestamente, tentado cumprir.
Em
cada momento da trajetória de Glênio Peres, passando pela área artística, pela
área cultural, pela política, pelos direitos humanos, ele deixava essa marca
indelével da dedicação, da competência, da emoção e da paixão pelas causas que
abraçava.
Lembro-me
da atuação do companheiro Glênio no período da anistia, nas lutas pela
libertação de Flávio Koutzii, Flávia Schilling, Flávio Tavares. O Glênio a tudo
encampava, por todos lutava e era uma referência permanente em cada luta, em
cada militância específica.
É
muito difícil resumir, em qualquer tipo de expressão, em qualquer palavra, em
qualquer ato, uma vida tão brilhante, uma carreira exemplar como a de Glênio
Peres. Mas eu imaginei que, para isso, haveria um momento, o momento em que
Glênio definiu o que era ser vereador
em Porto Alegre - que é o caso de todos nós aqui na Casa - e que me pareceu o
registro mais adequado para o encerramento do meu pronunciamento. Foram algumas
palavras ditas por Glênio em 1977, justamente no discurso da sua cassação,
repetido depois por Marcos Klassmann, também cassado, e que eu entendo,
Lorenzo, que com isso o teu pai nos ensinou a sermos vereadores. São apenas
algumas palavras que selecionei, já que o discurso é longo. (Lê.) “Esta é uma
Casa, Sr. Presidente, para falar dos buracos de rua, esta é uma Casa para falar
da falta de luz, mas esta é também uma Casa para falar da ausência de
liberdade. Esta tribuna, Sr. Prefeito, serve para dizer que não há asfalto em
determinadas vielas da comunidade, mas tem que servir também para dizer que há
escolas - chamadas de antiterrorismo - especializadas em retirar as unhas das
pessoas, fazer doer a integridade física das pessoas, fazer com que cada um diga
o que não quer e, principalmente, fazer com que pague, com o seu sangue, com a
sua vida, o preço do seu pensamento e o exercício de sua liberdade.”
Dedico
essas palavras a Lícia, o Lorenzo e para todos aqueles que comungaram dos
ideais de Glênio Peres. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com
muita honra, convidamos o Major Celso da
Silva, representante do Comando-Geral da Brigada Militar, e a Sra.
Margarete Moraes, Secretária Municipal de Cultura, para comporem a Mesa.
O
Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. NEREU D’ÁVILA: (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho a honra de falar, também, por
atribuição do Líder do PSDB, Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do
PSDB: Vera. Anamaria Negroni, Ver. Cláudio Sebenelo e Ver. Antonio Hohlfeldt.
Lembrava-me,
com muita ênfase, o Ver. Antonio Hohlfeldt que foi seu colega, jornalista e,
inclusive, amigo pessoal, tendo trabalhado com Glênio Peres. E lembrava-me o
Ver. Antonio que esta Casa foi aquela que regulamentou e remunerou o cargo de
Vice-Prefeito quando, após o período autoritário, foi criado o cargo, e eleito
Glênio Peres. Portanto, nós consideramos a participação Glênio-Vereador, e
Câmara Municipal-Glênio uma simbiose perfeita.
Quando o autor da proposta, o nobre Ver.
Pedro Ruas falava desta tribuna, com muita eloqüência, relembrando os atributos
de Glênio, eu me lembrava que o Glênio era, sem desdouro para outra figura que
por esta Casa passou, uma espécie de símbolo de Vereador. Ele tinha a
capacidade para ser deputado federal ou para ocupar qualquer outro cargo e,
durante o período em que foi Vereador, encarnou todas as virtudes de um
vereador: a luta, a garra, o denodo, sendo Líder da Bancada do MDB - Movimento
Democrático Brasileiro.
No
encaminhamento da proposta do Ver. Pedro Ruas, que obteve aprovação unânime
desta Casa para esta homenagem, eu relembrava os seus velhos companheiros, como
o Ver. Elói Guimarães, o Índio Vargas, que para nossa honra está presente a
esta homenagem e que foi cassado como Glênio Peres em dias triste de nossa
nacionalidade.
Há
os que foram os seus adversários, nunca seus inimigos, como ressaltou o Ver.
Reginaldo Pujol no encaminhamento da votação da proposição e, na época, Líder
da ARENA. Na época, eram muito comentadas nos jornais as discussões célebres
que tiveram, ideologicamente falando, em relação à ARENA e ao MDB, liberdade
“versus” restrições às liberdades, entre o Ver. Glênio Peres e o ex-Ver. Jorge
Goulart. Outro dia eu o encontrei na rua e ele me disse que aquilo foi em
épocas passadas e que tinha e tem por Glênio um afeto muito grande como pessoa
e por tudo que ele representou.
O
Glênio foi uma espécie de paladino da liberdade na sua luta em Porto Alegre,
tanto que foi uma das vítimas que tombou em nome da liberdade, junto com Marcos
Klassmann, Índio Vargas, Dilamar Machado e tantos outros. Estou falando,
apenas, no âmbito municipal.
Portanto,
Lícia, eu fico honrado de poder aqui, em nome da Bancada do PDT - o autor desta
homenagem foi o Ver. Pedro Ruas - do Ver. Elói Guimarães, do Ver. Isaac Ainhorn
e em meu nome, com muita honra, saudar tudo o que o Glênio fez por esta Cidade,
tudo o que ele representou. Eu tenho certa autoridade partidária para falar,
porque ainda ontem numa reunião aqui na Câmara, da 1ª Zona, com cerca de 150
pessoas, nós relembramos a figura de Glênio Peres, dizendo que hoje haveria
esta Sessão e aprovando um Voto de Congratulações, proposta do Ver. Pedro Ruas
e da Bancada do PDT, assinalando os dez anos da passagem de Glênio Peres.
Então, na 1ª Zona também nas nossas lutas internas partidárias ficou a marca
indelével da presença de Glênio no nosso Partido, e tenho certeza de que o
Sereno avaliza isso.
Portanto,
a homenagem é plena, é do Partido, é da população, é das forças democráticas,
porque, graças a Deus, hoje podemos num novo tempo, numa nova época, falar
tranqüilamente, expressar todo o nosso sentimento, quer a favor, quer
contra, vivendo em liberdade. As novas
gerações - a do próprio Lorenzo - não sabem o valor que tem hoje falar em
liberdade, porque só quando se perde a liberdade é que se dá o valor.
Glênio
foi um dos lutadores para que estivéssemos aqui, sem peias, sem restrições, com
Constituição assegurada, com direitos livres, com direitos humanos que o Jair
representa, enfim, custou-nos muito, ele mesmo tombou, mas valeu a pena, tenho
certeza de que valeu a pena. Portanto, que o Glênio receba lá em cima todo o
nosso carinho, toda a nossa homenagem e o nosso agradecimento por ter lutado
por nós para que nós usufruíssemos o que hoje estamos usufruindo.
Finalizo
com versos dele mesmo, Glênio, que também, como disse o Pedro Ruas, atuava
não-somente na área da política, mas também na área poética e na própria
música. O Ver. Pedro Américo Leal me lembrava que ele, Glênio Peres, foi autor
de uma música chamada “Saudade”, cujos versos foram imortalizados e com os
quais eu finalizo o meu pronunciamento: “Quem quer definir saudade não diz
nada, fala a esmo, saudade não se define, saudade é saudade mesmo”. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Temos a honra de considerar, como extensão da Mesa, o Sr. Luiz Carlos Peres, o
Sr. Paulo Peres, irmãos do nosso saudoso Glênio Peres; Sra. Maria Teresa
Rodrigues Gomes, tia do saudoso Glênio Peres, Sr. Fábio Alberto Fernandes,
esposo da Senadora Emília Fernandes; Sr. Luiz Fernando Kael, Assessor
Parlamentar da Senadora Emília Fernandes; Sr. Carlson Aquistapasse,
representando o Diretor da PROCEMPA; Sr. e sempre Vereador, Ervino Besson,
Chefe de Gabinete do Deputado Cyro Simoni; Srs. Sady Jacques e Carlos Alberto
Jacques de Castro, Diretores do Sindicato dos Trabalhadores de Processamento de
Dados do Rio Grande do Sul. Queremos considerar importante a presença entre nós
do sempre Vereador, Sr. Mário Fraga; o Ver. João Verle, exercendo, hoje, a
Direção do DEMHAB; o nosso, também, sempre Vereador, querido lutador das causas
sociais, Dr. Índio Vargas, Sra. Eni Bach, que exerceu papel importante na
administração e participa de trabalhos feitos pelas mulheres.
A
Vera. Maria do Rosário está com a palavra em Grande
Expediente.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
(Saúda os componentes da Mesa e os
demais presentes.) No Centro da nossa Cidade, no coração de Porto Alegre, existe um largo entre o Mercado Público, o Chalé da Praça XV e a Prefeitura
Municipal, que se chama Glênio Peres, está no coração da Cidade e tem esse nome
porque a Cidade o escolheu, tendo sido mandado o Projeto de Lei pelo então Prefeito Olívio Dutra. É com
muita honra para a nossa Cidade que aquele largo se chama Glênio Peres,
assim como, certamente, no coração de cada porto-alegrense, de cada
Vereador, de cada cidadão da sociedade também pulsa permanentemente a memória
de um homem que lutou, que trabalhou, que atuou, que esteve comprometido com o
seu tempo, mas, também, permanentemente, com o futuro que vivemos hoje. Se nós
vivemos hoje em tempo de alguma liberdade, se estamos nesta Casa como uma representação plural, se temos várias
Bancadas sentadas nesta Casa, com diferentes partidos, se as movimentações
ocorrem nos dias de hoje, se nos aproximamos com mais e mais força da luta por
justiça social e se a democracia está sendo construída um passo após o outro
pelas manifestações livres de tantos e tantos movimentos e pelos nossos
pronunciamentos também, quero dizer que a contribuição deste cidadão,
deste jornalista, do Vereador, do
Vice-Prefeito, do companheiro e revolucionário Glênio Peres marca um tempo na
nossa Cidade.
Portanto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero especialmente saudar o passamento, o
transcurso dos dez anos da morte de Glênio Peres com uma saudação especial e calorosa, dizendo que todos os
que lutam no dias de hoje, os que
defendem a liberdade, a reforma agrária, o emprego, a justiça e a paz, os que
sabem o valor da liberdade, os que lutaram contra a ditadura militar e as novas
gerações que sabem o valor da liberdade, os que foram presos políticos, os que foram torturados, Ver. Antonio Losada,
os que receberam a visita de Glênio Peres nos tempos de prisão, no Madre
Peletier, nos presídios masculinos, onde pulsa o nosso povo, pulsa, sim, o
desejo de uma aliança, de uma unidade, o desejo de uma luta que possa nos dias
de hoje, materializar o que foi a vida desse homem, a vida de Glênio Peres.
Portanto,
Srs. Vereadores, nós queremos, em nome da Bancada do PT, dizer que Glênio Peres
nos deixou seu exemplo de vida e que nos dias que vivemos é preciso também
transformar esse exemplo na própria vida; que a chamada que o nosso tempo
histórico nos faz, sem dúvida alguma, é de conseguirmos superar tudo aquilo que
poderia ser visto como auto-suficiência de qualquer uma das nossas
organizações, Presidente Sereno Chaise.
Em
nome de nossas organizações, conseguirmos confirmar o desejo de nossa gente, de
nosso povo, dos que lutam nos dias de hoje, dos que lutaram por uma vida, de
formarmos um bloco político neste País, que possa fazer frente aos governos que
oprimem nossa gente.
Vencemos
uma ditadura, vencemos um regime militar, mas ainda, no nosso tempo, a impressa
tem acesso limitado à luta e às manifestações dos sem-terra e não tem acesso à
situação de vida dos jovens que estão dentro da Fundação para o Bem-Estar do
Menor em Porto Alegre nos seus momentos de motim. Nós ainda vivemos uma
situação, na qual a liberdade não se afirmou plenamente, e é em nome do nosso
povo que precisamos organizar uma aliança política que possa responder a tudo
isso. A mesma aliança que estabelecemos no período da ditadura militar é que
poderá nos levar a vitória política em quatro de outubro deste ano.
O
PT quer dizer, neste momento de homenagem a Glênio Peres - e nós conversávamos
com o Ver. Pedro Ruas, antes deste momento -, que, para nós, Glênio Peres tem o
sentido e o nome dessa aliança. É a aliança que vamos construir, é a aliança capaz de dar resposta a toda uma
gente trabalhadora que se encontra perambulando atrás de emprego, a toda uma
gente que luta pela reforma agrária, a toda uma gente que sofre, mas que é
altiva, que tem consigo o poder de dizer basta. E para dizer basta é preciso
que os Partidos da nossa época, o PT, o PSB, o PC do B, o PDT, todos os
Partidos do campo popular democrático, constituam essa aliança que é feita em
cima de idéias, que é feita em cima de uma proposta, que é feita em cima de um
projeto contrário ao projeto neoliberal, mas de liberdade e desenvolvimento da
economia para o nosso País, com igualdade para todos. Nossa aliança política é
feita, Srs. Vereadores e Senhores que nos escutam, em cima de vidas. E não há
dúvida alguma de que a vida de Glênio Peres, pela sua contribuição
revolucionária, por seu exemplo, nos dá todas as condições de confirmarmos, no
dia de hoje, a aliança política que estamos construindo passo a passo.
Cumprimento
o Ver. Pedro Ruas em nome do PT e do PSB; cumprimento a cada Vereador do
PDT.
Nesta
Casa, na Cidade de Porto Alegre, no Estado do Rio Grande do Sul, neste País,
saberemos dar ao nosso tempo a mesma resposta de luta, de dignidade e de
coragem que Glênio Peres deu nesta Casa
e para toda sociedade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos
as presenças dos Srs. Tasso e Pedro Peres, irmãos do nosso homenageado.
O
Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA:
(Saúda os componentes da Mesa.) Falo em meu nome e em nome do Ver. Paulo Brum,
que me cedeu seu tempo no Grande Expediente de hoje. Nós, trabalhistas, não
poderíamos deixar de vir a esta tribuna fazer este registro de homenagem a
Glênio Peres.
Eu
não tive a felicidade de conviver mais amiúde com Glênio Peres, como teve o
Ver. Pedro Ruas, que de forma tão positiva teve a lembrança de prestar esta
homenagem da Câmara de Vereadores a Glênio Peres; mas eu tive a oportunidade de
acompanhá-lo a distância.
Sou
originário de uma família trabalhista, de petebistas; meu pai era um simples
líder comunitário de Porto Alegre, mas amante do trabalhismo. E eu acabei me
envolvendo no movimento estudantil, participando da União Municipal dos
Estudantes Secundários, a UMESPA, onde trabalhei junto com Marcos Klassmann
numa das gestões. Nós tentamos chegar à Presidência da UGES, mas nos cassaram,
num dos vários congressos da UGES, e não conseguimos nosso intento.
Participávamos do movimento estudantil.
Como
éramos bem mais jovens, acompanhávamos a vida daqueles que estavam militando no
movimento político no Pós-64. A minha escola, Inácio Montanha, era em frente à
Secretaria de Segurança Pública e eu fui eleito Presidente do Grêmio, em 66,num
momento bem complicado para realizar política estudantil. Mas nós realizamos!
Acompanhamos
a caminhada do MDB e dos companheiros que foram assumindo essa luta, como o meu
colega e amigo, o sempre Vereador Índio Vargas, que teve - e tem tido - uma
trajetória tão bonita em defesa dos direitos de todos, bem como de parlamentar. Aprendi então a ir convivendo,
conhecendo e admirando essas pessoas que nos serviam de modelo. Depois, o
Marcos Klassmann ingressou na carreira política, acabou chegando à vereança e
pude acompanhar mais de perto o episódio em que ele, o Glênio Peres e tantos
outros foram cassados, naquela seqüência de cassações que feriram profundamente
o Parlamento e a democracia brasileira.
Afastei-me
um pouco do movimento estudantil, pois, como eu não tinha condições de fazer
curso superior, fui obrigado a trabalhar e, então, tive que mudar meus rumos.
Eu não tinha dinheiro para fazer faculdade particular - na pública, como
sempre, o acesso é mais complicado -, então, segui outro caminho. O Marcos
continuou participando do movimento.
Alguns
anos depois, eu tive a felicidade de poder conviver um pouco com essas pessoas, com o próprio Glênio Peres. Acabei me
envolvendo, como pai, no movimento do Círculo de Pais e Mestres e fundamos a
Associação dos CPMs, em 1984, e, após, a Federação.
Tive
a oportunidade de conversar, algumas vezes, com Glênio Peres, receber e admirar
um pouco aquele conhecimento todo que ele tinha, quando o Dr. Collares foi
eleito Prefeito, e ele, Vice-Prefeito; a companheira Teresinha Irigaray, tinha
assumido a Secretaria de Educação do Município.
Então
comecei a conviver mais amiúde com todos. Só que logo em seguida, acabamos
tendo aquela informação de que Glênio Peres havia contraído uma doença e não
tinha mais como prosseguir a caminhada.
Para
mim, foi um exemplo muito positivo e importante que Glênio Peres deixou, como homem público, sério e
responsável. Assim como o Dr. Índio também é um exemplo que carrego comigo, da
sua luta séria e responsável, homem de muita dignidade, de posturas, que não
abre mão dos seus princípios. Glênio Peres também foi assim.
Eu
também sou chato. Aqueles que me conhecem, os companheiros do PDT, com quem
tive a felicidade de conviver por um longo tempo, sabem que eu também não abro
mão dos meus princípios e da minha postura. Acho que o homem público tem que
ser assim, temos que procurar também ver o exemplo dos grandes homens públicos,
como foi Glênio Peres, para poder prestar um serviço melhor à sociedade e ter
compromisso com a democracia, ser, de
fato, legislador.
O
compromisso que o povo exige de nós, cada vez mais, é de sermos sérios,
responsáveis, honestos, termos dignidade, posições definidas, e não ficarmos um
dia aqui e outro ali, conforme as conveniências. O povo está cansado disso, o
povo precisa de políticos cada vez mais responsáveis, que assumam posições.
Acho
que esta é a grande mensagem que Glênio Peres deixou. Ele assumiu - e eu sei -
posições difíceis, até no início do governo do PDT, naquele momento em que
assumia como Vice-Prefeito de Porto Alegre; houve situações difíceis, internas,
partidárias, mas ele manteve suas posições e seus princípios. Quero dizer à
Lícia, a quem também admiro pela sua trajetória e pela sua caminhada, da
felicidade que o Glênio teve em ter essa grande mulher ao seu lado.
Muito
Glênio ajudou-me na minha trajetória, como deve ter ajudado na de muitos
companheiros vereadores, homens públicos e políticos que hoje aqui estão e que
tiveram a oportunidade de conviver com ele e
puderam aprender, ao longo do tempo, com as suas atuações fortes e
importantes em defesa da construção de uma sociedade melhor, de uma sociedade
embasada em princípios democráticos. Tenho certeza de que o filho de Glênio,
que aqui está, vai seguir o exemplo maravilhoso que o pai deixou, assim como
deixou a todos nós.
Parabéns
ao Ver. Pedro Ruas pela homenagem e agradeço a felicidade de poder estar aqui.
Meu abraço a todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Queremos registrar, também, como extensão da Mesa, a presença do Sr. Ismar
Ruas, pai do Ver. Pedro Ruas, e do Sr. Leonel Rocha, que é Presidente da
Juventude Socialista do PDT.
A
Vera. Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores (Saúda os componentes da Mesa.)
Porto-alegrenses que acompanham a homenagem justa e importante que a Câmara
Municipal faz a Glênio Peres. Quero, inicialmente, congratular-me com a
iniciativa do Ver. Pedro Ruas por podermos nesta tarde, no período do Grande
Expediente, homenagear o sempre Vereador Glênio Peres, na data dos dez anos de
sua morte. Não quero me referir aqui, porque tantos outros Vereadores já o
fizeram, às qualidades que são tantas, qualidades pessoais, políticas do Ver.
Glênio Peres. Muitos, aqui, conviveram com ele e foram companheiros em seu
mandatos, em seus atos e em sua história. Queremos, Lícia, neste momento,
dizer, apenas, que fomos contemporâneos de tantas lutas de Glênio Peres, como
parte de uma geração que acredita no futuro, que lutou pela liberdade, pela
democracia e pela livre expressão do parlamento. Glênio Peres, que hoje é um
símbolo de Vereador na Câmara Municipal de Porto Alegre e, seguramente, também
o é no seu Partido, o PDT, foi na época do MDB um militante histórico, nos
tempos tão difíceis de pouca liberdade.
Nesta
tarde, quando rememoramos a história de Glênio Peres, isto nos leva também a
retomar a história política do nosso Estado, da qual Glênio Peres fez parte
como protagonista e líder. Se hoje podemos rememorar, com a oportunidade de
manifestações tão diversas, a história da época de Glênio Peres, construindo
essa nova etapa da democracia no País, é seguramente porque Glênio Peres ajudou
com sua obstinação política a construção dessa realidade. Ajudou com sua
ousadia, com sua capacidade de trabalho, com a sua crença socialista do futuro.
Quem hoje é vereador de Porto Alegre deve evidentemente se orgulhar de nesta
Casa ter tido o Líder e Vereador Glênio Peres, que teve como marca de suas
ações a inconformidade, a permanente vigilância, mas, fundamentalmente, a
esperança de que a igualdade política e econômica era um sonho a ser
perseguido. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE:
Registramos, também, a presença do ex-Vereador e ex-Presidente desta Casa Cleom
Guatimozim, PDT.
O
Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL:
Excelentíssimo Sr. Presidente, autoridades já nominadas onde destaco a Sra.
Lícia Peres e Lorenzo Peres, respectivamente, esposa e filho de Glenio Peres;
Srs. Vereadores e senhores assistentes, pode parecer incrível que um homem do
outro lado, do regime autoritário - a que pertenci -, venha saudar aqui um
homem cassado. Todavia, todos me conhecem e sabem que em 21 anos como
parlamentar nunca vim a um microfone, a uma tribuna sem preparar discurso,
quando saúdo uma pessoa. Não quis fazer para o Glênio. Aquela personalidade
ebúlia, efervescente, trepidante, não permitia coisas planejadas. Tanto que o
meu amigo, Ver. João Dib - um ranzinza -, cedeu o seu lugar, empurrou-me para
cá e disse para eu não me esquecer de dizer que aquele indivíduo foi um
vereador pontual, cumpridor de suas palavras e profundamente sério. Perguntei,
também, ao Ver. João Nedel o que ele
tinha a dizer de Glênio Peres e
ele me disse: - “Diga que eu o admiro e admirei”. Então, eu venho aqui
vastamente credenciado por toda a Bancada que na verdade era adversária dele. O
que é que eu fui? Eu, na verdade, não fui adversário do Glênio, porque eu corri
este Estado, você sabe, Lícia, com você no meio, lá para os lados de Pelotas,
para enfrentá-lo em debates de dois anos de televisão, e aqui, “Às 12 no 12”. E como se sucedeu isso?
Quando ele, o José Antônio Daudt, o Sérgio Ivan Borges e o Raul Casa, entraram
em minha residência convidando-me para que eu participasse de televisão. Eu
nunca tinha sonhado com isso. Eu conhecia alguns, ligeiramente, o Sérgio era quem eu conhecia mais
profundamente. Então, veio daí essa amizade, e os Senhores podem entender que
tudo aconteceu de repente. E é de repente que eu venho aqui também, e acho que
tinha de ser assim e, por isso, não preparei nada. Durante muito tempo
estivemos em televisão, em rádios, as mais variadas, debatendo, e nunca tive a
oportunidade de discordar do Glênio, a não ser em debates ocasionais diários,
mas ideologicamente, nunca. Então, Lícia, é a esse homem romântico, a esse
homem de poesia, a esse homem sensível que quero saudar agora. Você sabe muito
bem, porque já lhe segredei, o que faço todos os domingos. Não vou dizer aqui,
vai ficar em suspense, e se quiserem saber, que perguntem a você. Todavia, eu
não posso deixar de evocar esse Glênio romântico, poeta, sensível e amigável,
que também vi no hospital, de pijama, quando me despedi dele. Ele estava de pé,
como sempre viveu. Então, eu achei que hoje não deveria preparar nada, deveria
apenas pedir licença aos Senhores para ler algo que o Glênio gostava muito, e
que o Ver. Nereu D’Ávila colocou aqui:
a saudade. Saudade era uma coisa sobre a qual sempre conversávamos. Ele tinha
uma preocupação com a saudade! Não sei por que ele sempre se voltava e evocava
a saudade.
Hoje,
buscando nos meus guardados, achei poetas dos mais incríveis e achei alguns
livros que, embora não sejam de poetas do Rio Grande, eu achei que devia dizer
essas poucas coisas que têm aqui, porque retrata, indiretamente, o que tinha na
alma do Glênio, quando ele conversava comigo e só eu posso saber isso. Eram
conversas particulares. É uma poesia em que Ruy Barbosa, - Nereu D’Ávila e os
advogados se lembrem disso, - creditava como a mais bela poesia da literatura
brasileira: a de Catulo da Paixão Cearense. Não vou ler toda a poesia porque
ela é grande, mas vejam o que dizia Catulo. (Lê.)
“Essa mulher é a
Saudade,/ por quem vivo apaixonado,/ desde quando envelheci!/ Que os grandes
poetas,/ patrão, os príncipes da Poesia,/ teçam poemas à Saudade,/ em seu
estilo altaneiro,/ que eu me contento em dizer-lhe bravia e rusticamente,/ como
é que a sente um vaqueiro.
Ouça
lá! Vou lhe dizer:/ Como um boi velho, cansado,/ pacientemente a remoer,/ que o
capim verde, que come,/ torna outra vez
a comer,/ hoje, velho, relembrando minha alegre juventude,/ tudo quanto já
fruí,/ como o boi vou ruminando/ o meu passado saudoso,
Que foi, em tempo
ditoso,/ o capim ‘verde’ e cheiroso,/ que quando moço, eu comi!/ Mas, às vezes,
a Saudade/ acorda-me a Mocidade/ com tanta exasperação,/ que eu abro as duas
porteiras/ dos olhos, meu bom patrão,/ e deixo que, atropelada,/ saia, só numa
arrancada,/ toda a boiada das lágrimas/ do curral do coração!”
O
que eu poderia dizer para o Glênio que está lá, e eu estou aqui, a não ser uma poesia de Catulo da Paixão Cearense?
Falar em política, para quê? Eu tenho que falar em algo que o Glênio gostava, e
ele gastava de política, sim, mas ele gostava muito de poesia. Ele chegou ao
ponto de se preocupar em fazer várias poesias e uma rima maravilhosa que foi a
“Saudade”. Então, achei de vir à tribuna hoje sem preparar nada para saudar
alguém - coisa que faço pela primeira vez - e que diria esta poesia de Catulo
que busquei nos meus guardados com muita dificuldade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Queremos registrar, com muita honra, a presença da Sra. Dinah Gastal, viúva do
grande incentivador do cinema Paulo Gastal. Também do Sr. Celso Koetz, amigo de
Glênio e filho do pintor gaúcho Edgar Koetz.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os
componentes da Mesa.) No alvorecer dos trabalhos desta tarde, esboçou-se um
movimento nesta Casa, que era uma tentativa de introduzir uma sistemática nova
para essas homenagens. Essa sistemática envolvia a introdução de algo
assemelhado ao que ocorre na Assembléia Legislativa, onde, quando ocorre essas
homenagens, um orador se faz ouvir em nome da Casa e as demais Bancadas a ela
se agregam. Seria uma solução feliz no dia de hoje, porque a iniciativa da
homenagem parte de um dos mais talentosos integrantes desta Casa, o meu prezado
amigo Pedro Ruas, que comprovou no seu pronunciamento o quanto estava
qualificado para essa situação. Mas a reação da Vera. Líder do Partido dos
Trabalhadores foi emblemática. Tratava-se de homenagear a um ex-colega nosso e
para isso, não podemos poupar as homenagens. E mesmo que, palidamente, temos
de procurar ditar alguma coisa daquilo
que com tanta pertinácia, inteligência e perspicácia o ilustre Ver. Pedro Ruas
acentuou no seu pronunciamento inicial. Tinha razão a Vera. Maria do Rosário,
porque cada um dos oradores que têm assomado a tribuna têm ensejado a
oportunidade de que um perfil diferente da vida do homenageado possa ser
acentuado nesta hora em que estamos reunidos pranteando os dez anos de ausência
do Jornalista Glênio Peres.
Pessoalmente,
conheci-o muito jovem, ainda estudante secundarista, Presidente do Grêmio Estudantil Dom João Becker. Procurei, no
final dos anos 50, um jornalista vibrante que havia acompanhado a primeira
presença brasileira no Oriente Médio, junto ao nosso chamado Batalhão Suez. Fui
convidá-lo, como dirigente estudantil, para que ele nos informasse das
experiências por ele vivenciadas na sua estada naquele lugar. Para nós,
estudantes secundários, era o fim do mundo, o desconhecido e o novo que surgia,
porque a belicosidade entre as etnias que ao longo do tempo ali se conflagra
começavam a apresentar suas primeiras manifestações. Acolhidos na nossa
pretensão, ouvimos durante duas horas e meia, no auditório do Grupo Escolar
Gonçalves Dias, na Vila dos Industriários, onde se instalava o colégio, o então
Ginásio Estadual Dom João Becker. Lá tivemos o ensejo de ouvir o jornalista
Glênio Peres e de compartilhar com sua inteligência aguda, da sua perspicácia
fina, e, sobretudo, daquela inteligência que eu caracterizava com um homem de
grande eqüidade com as coisas que via e que enxergava. Após a Conferência, a
Mesa se estenderia em outro local, muito mais ao gosto tanto do Glênio, como
meu, eis que marcava a primeira vez em que juntos nos encontrávamos na mesa de
um bar, fato esse que haveria de se renovar por muitas vezes, especialmente no
Restaurante Dona Maria, onde sentávamos para conversar, iniciávamos e
prosseguíamos a discutir, e ali ficávamos quase sempre sem conseguirmos nos
entender, dadas as nossas divergências políticas.
Mais
tarde, eleito vereador em 1972, fui encontrá-lo na Câmara Municipal, já com
experiência de outros mandatos, desde a sua primeira eleição como vereador pelo
Movimento Trabalhista Renovador, o Ver. Glênio Peres, eleito naquele ano de
1972 com uma grande votação, a maior votação que até aquela data havia sido
oferecida a um candidato à vereança na Cidade de Porto Alegre: cerca de quinze
mil votos.
Na
convivência exercitei, com muita freqüência, o diálogo e o debate com o Glênio.
O Ver. Pedro Américo Leal, que se socorreu de informações que lhe foram
transferidas pelo Ver. João Antonio Dib acentuou um fato fidedigno que era uma
das marcantes da personalidade de Glênio Peres, isto é, seu caráter polêmico,
mas a sua palavra confiável.
Durante
quatro anos fui Líder do Governo coexistindo com Glênio Peres, Líder da
oposição e muito discutimos, mas muito acertamos, muito consertamos e muito
costuramos no interesse da Cidade de Porto Alegre. Foi o mais vigoroso Líder
das oposições que eu conheci e o melhor dos interlocutores que pude encontrar
de vez que, convencido da justeza de algumas das suas pretensões, não tinha
dúvida de usar a autoridade moral que não lhe faltava para pleitear o apoio da
medida que entendia justa. Nesse particular o Glênio que durante muito tempo
foi meu amigo, que em alguns momentos foi meu desafeto, me passou alguma coisa
de experiência.
Vera.
Maria do Rosário, acho que temos que ser muito duros enquanto exercitamos a
nossa posição de homens de oposição, porque assim o nosso eleitorado
determinou, mas em nenhum momento devemos ser insensíveis para as necessidades
da Cidade. Isso Glênio Peres não caracterizava. A esse exemplo posso dizer que
até inconscientemente possa ter sido influenciado pelo Glênio, porque as boas
coisas que aprendemos chegam até nós pelo entendimento, pela boa prática e,
sobretudo, por exemplos e posturas positivos. Sei reconhecer quando uma pessoa
é vigorosa em uma posição, mas sábia no entendimento. Acho que essa
característica deve existir entre nós.
Do
Glênio toda a Cidade lembra de várias facetas. Em que pesem dois momentos de
sua vida terem sido os mais marcantes, a sua cassação, uma decorrência de um
movimento político-militar, em um período de reorganização nacional em que
vivíamos e que democraticamente marcou. O outro momento mais emblemático
foi - e o ex-Vereador Cleom Guatimozim,
que nos honra com a sua presença neste momento, sabe que é um emblema para o
próprio processo da reconstrução democrática brasileira - a anistia política
que este País viveu e que teve a sua marca na Cidade de Porto Alegre,
especialmente, com a retomada do mandato popular do então Ver. Glênio Peres e seu
companheiro de Bancada Marcos Klassmann.
Eu,
que tive a oportunidade de testemunhar esses fatos, fatos que ensejaram a ação
punitiva do processo político então vigorante no país e a ação reconfortadora
do mesmo processo que se abria às necessidades da retomada do processo
democrático, compareço hoje, aqui na tribuna, reafirmando o que seria
impossível negar, reafirmando os conceitos que tive com Glênio Peres, enquanto
ele esteve junto conosco: um homem de opinião que, certamente, teria que se
chocar comigo, pois também sou um homem de opinião, mas que sempre o fez -
parece incrível -, o Glênio com aquele vozeirão, com aquela capacidade de luta,
no fundo era um sujeito, às vezes, carente, mas sempre muito carinhoso, até
quando brigava, no fundo havia alguma coisa de carinhosa em sua briga, na sua
luta, na sua manifestação mais viril e, nesse particular, nós fomos, entre
trancos e barrancos, nos entendendo durante a vida.
Não
fui surpreendido com o seu falecimento, porque sabia das agruras enfrentadas
nos últimos anos com o mal de que estava acometido. Lamentavelmente, não
gostaria de tê-lo feito, fui um dos que acompanhou - para surpresa de muitos -
as sua exéquias. Mas tudo isso, Dona Lícia, nos permite dizer, com autoridade
de quem não comungou das idéias políticas do seu esposo, que dele foi
divergente com freqüência, amiúde, que
a Senhora teve ao seu lado um companheiro de grande valor, um homem de grande
estirpe, um adversário que gostaria de tê-lo conosco no dia de hoje. Quem sabe
liderando as nossas oposições? Dr. Fortunati, se estivesse aqui conosco,
certamente estaria apontando aquilo que ele entendesse que fosse equívoco.
Certamente estaria parado, nesta altura, lá no meio do Parque da Redenção,
vendo aquele rolo que foi estabelecido com as mudanças no trânsito, mas dois
minutos depois estaria conversando com as autoridades municipais, perseguindo a solução, perseguindo a
superação do problema. Se é um homem a quem não se pode dizer que viveu com os
problemas e morreu com as soluções é o Glênio Peres, pois foi um obstinado na
sua característica e perseguidor das soluções dos problemas sociais da sua
época.
Por
isso, como integrante do Partido da Frente Liberal e como Líder, uno-me a todos aqueles que, na tarde
de hoje, com justiça, prantearam os dez anos do falecimento do grande
ex-Vereador, do grande jornalista e do grande ex-Vice-Prefeito de Porto Alegre
jornalista Glênio Peres. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sra. Lícia
Peres, Lorenzo Peres em nome dos quais saúdo toda a Mesa. Não poderia ter feito
melhor o Ver. Pedro Ruas, pedindo este espaço especial na Sessão de hoje para
homenagear, para assinalar os dez anos da morte de Glênio Peres. Neste século XX, que está prestes a se
encerrar, a Cidade de Porto Alegre
produziu alguns vultos históricos que vão ficar gravados na história desta
Cidade. Dentre eles, eu me atrevo a dizer que Glênio Peres significa uma figura
notável, deste século, para a história
de Porto Alegre.
Glênio
era um impetuoso; chegava a ser desaforado. Mas, sobretudo, era um homem que
revelava os seus sentimentos.
Eu
tive a sorte de conhecer o Glênio Peres como comunicador no antigo império dos
Diários e Emissoras Associados. Nós trabalhamos juntos por algum tempo,
especialmente no Diário de Notícias,
que o Glênio freqüentava com mais assiduidade, e eu na Rádio Farroupilha
e, posteriormente, na TV Piratini. O Glênio, no campo da comunicação, foi um
excepcional executor profissional da nossa atividade. Lembro das reuniões
famosas na Associação Rio-Grandense de Imprensa, quando se discutiam assuntos
fundamentais para o desenvolvimento da comunicação na Cidade. Quando o Dr.
Breno Caldas brigava com o Dr. Leonel Brizola, o Glênio era uma das figuras
assíduas nas assembléias da categoria, que procuravam intermediar essa questão.
Mas
quero ressaltar um aspecto de Glênio Peres: o seu profundo amor por Porto
Alegre. Junto com Say Marques, Glênio Peres era um dos Vereadores desta Cidade
que mais se preocupava com o futuro urbanístico de Porto Alegre. Ele pugnava
pelas áreas verdes, pela abertura de novas vias, pela regulamentação das vilas
populares, que, já naquela época, proliferavam. Essa lembrança me vem à tona
quando está na Casa, para começarmos a deliberar sobre ele, o novo Plano
Diretor de Porto Alegre. Nós vamos ter que olhar para trás e ver o que Glênio e
Say Marques, na época deles, preconizavam para que se mantivesse o ritmo de
desenvolvimento desta Cidade, naquilo que melhor servir ao futuro, aos cidadãos
da Porto Alegre de dois mil e não sei quanto.
No
dia 12 de maio de 1964, quando, pelo acidente histórico que já referimos, eu
fui guindado a Câmara Municipal de Porto Alegre, tive a sorte de ser saudado
por Glênio Peres. Nós tivéramos um desentendimento muito sério por ocasião da
primeira greve dos radialistas, no ano de 1962, mas naquele dia em que eu
assumia, em condições absolutamente improvisadas, ele teve a hombridade, teve o
gesto, a gentileza de ser o componente da Casa que saudava a minha entrada na
Câmara Municipal de Vereadores. Eu não posso esquecer isso. Torna-mo-nos bons
amigos e companheiros na luta política; ele, claro, com mais desenvoltura, e eu
numa situação de subalternidade, porque não sabia quando a espada da ditadura
iria me apanhar. Só fui apanhado cinco anos depois. Glênio continuou aqui, foi
Vice-Prefeito, e a história dele se conhece. Mas ficamos, desde então,
solidários na mesma causa: a causa da população de Porto Alegre e do povo
brasileiro. Muito obrigado pela oportunidade de ter dito isto aqui. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
A Vera. Sônia Santos está com a palavra.
A SRA. SÔNIA SANTOS:
(Saúda os componentes da Mesa.) Eu não tive o prazer de conhecer pessoalmente o
Glênio Peres. Tive, posteriormente, contato com palavras que ele escreveu, com
discursos que ele proferiu, tive o prazer de conviver com pessoas que tiveram
esse privilégio. Eu sei que ele era um homem que amava profundamente esta
Cidade. Eu sei também que ele era um homem extremamente sensível, um homem que tinha o dom de expressar toda
essa sensibilidade através das palavras. E muitas palavras cheias de amor foram
dedicadas a esta Cidade de Porto Alegre.
Quando
tive em minhas mãos o livro, deparei-me com um texto escrito por ele, que tem o
título: “Receita para fazer pivetes”.
Eu achei curioso o título e li o que estava escrito nessa poesia. Conversando
com o Ver. Pedro Ruas perguntei a ele: “Ver. Pedro, Glênio Peres não perderia
uma oportunidade sequer de dizer o que pensa e de mostrar a sua indignação
quando ele vê uma injustiça, não é verdade?” Ele disse: “Certamente, Vera.
Sônia”.
Eu
aproveito esta oportunidade para demonstrar a minha indignação, porque,
no texto, ele diz que a revolta da fome e o desespero são componentes
dessa receita para fazer pivetes. Quando pegamos os jornais da Cidade sobre a
ocupação da terra no Bairro Rubem Berta, vemos fotos de crianças, crianças em
situação de desespero. E não somente isso, estão sem fornecimento de água, que
foi cortada por ordem do DMAE. Sinceramente,
não entendo por que o Governo Municipal está contribuindo para essa
receita de fazer pivetes, aumentado o desespero das pessoas, aumentando o desespero das crianças. Esse homem que
lutou tanto por igualdade, esse homem que lutou tanto por justiça, em um dos
seus textos diz - e com certeza nós também temos esse sentimento -: o desejo de
ter o nosso barco navegando no mar da esperança. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pelo oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz):
Pedimos escusas ao Plenário. Nós estávamos recebendo o Presidente do Tribunal de Justiça em visita a esta Casa. Por isso não podíamos estar presentes
nesta Sessão que é tão especial, pois que homenageia uma das figuras mais
especiais que já conheci e com quem tive a oportunidade de conviver pelo menos
algum tempo: o nosso querido Glênio Peres. Mas fiz questão de vir aqui para,
pelo menos, presidir esta parte final da Sessão.
Agora
vamos dar a palavra para alguém que, mais do que todos nós, conheceu o Glênio e
que participou de todas as suas lutas, vitórias e fracassos. É claro, todos nós
temos fracassos, mas o mais importante é relembrar neste momento as vitórias,
porque as vitórias do Glênio foram as vitórias da sociedade, da luta para que
tivéssemos mais justiça.
É
com muito orgulho e prazer que concedemos a palavra a Sra. Lícia Peres.
A SRA. LÍCIA PERES:
(Saúda os componentes da Mesa.) Confesso que não preparei um discurso. Fiz um
pequeno roteiro de algumas coisas que gostaria de falar, porque acho que num
momento como o de hoje devemos deixar falar um pouco o coração.
Quero
dizer a vocês, quando vejo aqui tantos amigos, tantos companheiros, familiares
do Glênio, correligionários, representantes dos setores de ponta do meu
Partido, pessoas que não são do PDT, mas que são amigos de sempre, que
considero esta uma homenagem extremamente importante. Glênio foi eleito cinco
vezes vereador de Porto Alegre. Esta Casa tem para mim, pessoalmente, e para
todas as pessoas que conheceram o Glênio, uma importância muito grande. O
Glênio amou profundamente esta Cidade, como foi dito aqui; um amor que sempre
foi retribuído. O Glênio não tinha reduto eleitoral; ele fazia votos em toda a
Cidade de Porto Alegre. E ele fez um poema falando das ruas de Porto Alegre,
que dizia: “Ergue essa laje de cimento armado que há sobre a terra que te viu
nascer e vai encontrar a ti mesmo”.
Somos
um pouco a nossa Cidade. Temos uma relação próxima com a nossa Cidade. O Glênio,
talvez como poucos, levou a sério esse conceito de cidadania, que é o conceito
de que a cidadania não é somente o conhecimento da situação de cada um no
mundo, a sua relação com o mundo, a responsabilidade com aqueles que não
adquiriram ainda a cidadania, que ele tinha profundamente. Mas cidadania também
- isso é um conceito do geógrafo Milton Santos, com o qual eu concordo
inteiramente - é a capacidade, não só
de se defrontar com o Estado, mas de afrontá-lo quando necessário. E foi o que
Glênio Peres fez em sua vida. Aliás, esse espírito de insurreição está presente
em Antígona, quando Antígona afronta uma ordem de Creonte. Já está na tragédia
grega e está presente nas melhores páginas do Brasil - na Inconfidência
Mineira, no ideal Farroupilha -, quando as pessoas não se conformam com a
injustiça e levantam a sua voz, corajosamente, na defesa daquilo que consideram
seu dever.
Esse
espírito de insubordinação contra a injustiça sempre esteve presente no Glênio.
E isso vai motivar toda a questão que leva à sua cassação. O Glênio tinha o
conceito de que o papel do Vereador, tão bem falado pelo Ver. Pedro Ruas, não
era só com a parte física da Cidade - esgoto, pavimento -, mas era,
fundamentalmente, com o que acontece com a população da sua Cidade, era a responsabilidade
com os cidadãos e cidadãs da sua Cidade: tudo o que aconteça a eles tem que
tocar o poder público, tem que tocar a representação popular. E o Glênio, que
talvez seja uma das páginas mais importantes daqui, profere, no dia da posse do
seu quinto mandato, o discurso “Na terra do silêncio”, em que ele denuncia as
torturas, a violação dos direitos humanos no País, as prisões, a injustiça, o
regime militar. Após o discurso “Na terra do silêncio” ele foi cassado e o Ver.
Marcos Klassmann, que repetiu suas palavras, teve, também, a sua cidadania
cassada pelo Presidente Ernesto Geisel.
O
Glênio foi, não só um grande incentivador, como foi apoiador do Movimento
Feminino pela Anistia. Na época ele era Líder do MDB e como tal abriu a Câmara
de Vereadores, abriu o seu gabinete e deu todo o apoio ao Movimento.
Eu conheci a companheira Mila Cauduro na
campanha de 74, quando ela já falava em anistia. Depois aquela amizade se
tornou uma quase amizade familiar e, hoje, ela é madrinha do meu filho e uma
grande amiga de todos os momentos. Quando o Glênio retoma na Casa do Povo de
Porto Alegre o seu mandato, enfrentando todas as pessoas - porque o que se
dizia é que ele foi advertido para não tomar posse, porque a Polícia Federal
cercaria a Câmara Municipal, como cercou, dois minutos após ele ser empossado.
Uma atitude que honra a Câmara de Porto Alegre, Sessão presidida pelo
Presidente, aqui presente, Ver. Cleom Guatimozim. Ele retoma o mandato e quando
o Cleom acabou de dizer que ele estava empossado, a população rompeu aquelas
cordas, o abraçou e a Polícia Federal já chegava. Ainda se tentou impugná-lo,
teve um cidadão que eu não considero que seja um cidadão, que entrou com um
processo para tentar retirar o mandato e, claro, que esta iniciativa mereceu o
repúdio de toda a Cidade.
Eu
também não posso deixar de referir alguns gestos, vou me referir novamente ao
gesto da Mila. Quando o Glênio já estava muito mal, ele foi visitado por tantas
pessoas que aqui estão presentes, Ver.
Pedro Américo Leal, Elói Guimarães,
enfim, por todos os companheiros; o
Ver. Pedro Ruas esteve conversando, longamente, sobre a questão do que é o
mandato popular. Eu me lembro que era noite de 31 de dezembro, o Lorenzo era
pouco mais que um bebê, ele tinha dois anos e onze meses, não tinha ainda feito
três anos, quando o Glênio faleceu. Lembro-me que quando o Glênio, já no leito,
muito mal, morreria, poucos dias depois o Lorenzo dormia no berço, bate na porta, às 10 horas da noite, a Mila e o
Dr. Cauduro, dizendo: “olha, eu vim dar um abraço em vocês”. Como era noite de
31 de dezembro, eu achava que ela vinha nos dar um abraço, ficamos comovidos
com aquilo. Mas, não, ela veio passar a noite do Ano Novo conosco.
Então,
quando foi chegando perto da meia-noite, eu
fui ficando aflita. E disse à Mila: “você não vai a alguma festa ou não
vai se reunir com a sua família?” Ela disse: “não, nós viemos aqui passar a
noite do Ano Novo com vocês”.
Foi
um gesto de uma grandeza, de uma solidariedade, que eu me comovo, Mila, sempre
que eu lembro disso.
Então,
como jornalista, político, Glênio foi aquilo que foi dito aqui, e eu não quero
cansá-los, porque muitos aqui privaram da sua companhia. Como jornalista,
talvez, quem tenha se referido de uma maneira mais feliz, foi o Fausto Wolf,
quando ele lança o seu livro, agora, chamado “Mão Esquerda”, no ano passado, e
conta como foi o encontro dele com Glênio, na redação. E Glênio dizia da
importância de a população ter direito à informação verdadeira e, também, da
responsabilidade que o jornalista deve ter de não dar uma notícia que não seja
verdadeira ou de lançar, levianamente, um
nome - e ele dizia para o Fausto, o que este relata no seu livro - “não
se brinca com a honra alheia”. O cuidado de lançar uma acusação em cima de uma
pessoa, e o Glênio se referia a um pai de família, pois lança-se um nome e por
trás daquilo, se não é uma coisa comprovada, tem uma família, tem os olhos dos
filhos, tem o colégio dos filhos onde a pessoa tem que dar conta daquela
informação. Ele, como profissional, agia com um extremo senso ético. Tinha
muita responsabilidade com o que deve ser uma informação verdadeira, confiável
e honesta.
Eu
queria colocar, também, a relação de Glênio não só com a Cidade, mas também com
a atividade cultural. Ele incentivou o teatro, incentivou o cinema, o debate
cultural. Ele tinha posição, pois era ator, autor de peças e poeta. Eu tinha
impressão, muitas vezes - por isso que eu disse que não faria discurso, mas sim
iria falar com o coração -, de que quando ele olhava uma coisa, aquela coisa tinha
uma luz que permitia que ele não só a visualizasse, mas que apreendesse a sua
essência. Ele tinha uma capacidade de ver a coisa com olhar de poeta e que
denotava uma imensa sensibilidade. O contato com a música, com os livros -
amável e íntimo com os livros -, com a literatura, muito o consolaram também. E
vocês sabem que a vida política é uma vida com momentos muito dolorosos, e
quando se é uma companheira, como acho que eu fui, não só se incentiva, como também recolhe-se as lágrimas na
intimidade. O Glênio, com aquele senso poético, se refugiava na poesia e na
literatura. Ele dizia num dos seus versos: “Quanto te devo Drummond por teres
sido sorriso, por teres sido meu pranto, por seres alumbramento e seres voz do
meu canto? Quanto te devo Drummond?” Glênio tinha, realmente, uma alma de
poeta; tinha uma forma de ver as coisas, vendo o detalhe do detalhe numa
capacidade de se comover e de traduzir isso em palavras e versos, e merecia
sempre a minha grande admiração. Esse contato com a música, com os livros, o
ajudou muito a enfrentar dificuldades. Eu me lembro que quando nós fomos ao
Chile pela primeira vez, em plena ditadura do Pinochet, o primeiro ato foi
visitar o túmulo do Neruda e o cobrimos de cravo. Era um túmulo difícil de ser
encontrado. E o Neruda queria ser enterrado em Isla Negra, foi o seu grande
pedido, mas o colocaram na Cage México, que era um lugarzinho no cemitério,
quase escondido. Quando o Glênio olhou tinham várias coisas escritas, tudo
grafitado, algumas flores em uma lata de comida, e ele fez um dos poemas mais
bonitos para o sonho de Neruda. Hoje Neruda está em Isla Negra, a situação no
Chile mudou. Ele se comovia até às lágrimas com a figura, com a obra de Neruda,
não só do Neruda, mas do Drummond, do
Manoel Bandeira, do Mário Quintana, de tantos e tantos poetas que ainda hoje
são para mim familiares. Porque lá em casa a poesia alimenta o nosso cotidiano.
Para o Lorenzo, que foi uma coisa especialíssima na nossa vida, a primeira vez
em que ele caiu começando a andar, ele tem uma marca no queixo, o Glênio disse:
“marca do queixo, do primeiro beijo, do primeiro andar... Meu filho, quando me
beijas reamanheço...”
Então,
Glênio vive em cada gesto em defesa de Porto Alegre; ele está presente em cada
ação por humanizá-la. Mas eles está presente, fundamentalmente em cada ato em
defesa da liberdade e da justiça social, da democracia pela qual ele lutou de
maneira tão empenhada.
Hoje
muitas homenagens ele recebeu, inclusive aqui na Câmara de Vereadores, o Salão
Glênio Peres, que foi uma marca da sua passagem por esta Casa. O Largo Glênio
Peres, que nasceu graças ao empenho do então Vice-Prefeito Tarso Genro, do
Pilla Vares, Secretário de Cultura e o Prefeito Olívio Dutra, que plantou e
eternizou o nome de Glênio Peres na memória da Cidade. É um espaço que não
poderia ter sido escolhido de uma forma mais feliz, porque é um espaço dos
grandes movimentos democráticos, um espaço de atividades culturais; dos
sindicalistas, dos trabalhadores, das mulheres, dos negros, é um espaço no
coração da Cidade e que abriga todas as manifestações. E é tão importante esse
desafogo no coração da Cidade, para que a voz dos porto-alegrenses possa se
fazer sentir.
Eu
agradeço ao Ver. Cláudio Sebenelo por ter mandado seus pronunciamentos.
Gostaria de pedir à Casa que as transcrições desses discursos me fossem
enviadas, porque o arquivo é muito pequeno e não quero que os depoimentos sejam
somente meus, mas de todos aqueles que
o conheceram, para que fique esse registro, Lorenzo, de quem foi seu pai. Não
posso deixar de fazer um agradecimento especialíssimo ao Ver. Pedro Ruas que
foi o autor do Requerimento de homenagem ao Glênio, nesses 10 anos de seu
falecimento. Eu penso que o Pedro, que foi amigo pessoal e de todas as horas do
Glênio, estendeu esse afeto a mim e ao Lorenzo. Eu quero lhe dizer, Pedro, que
tenho muito orgulho dessa amizade, porque acredito que não pode ter um vereador
que represente melhor o pensamento do Glênio, o seu amor pela Cidade, a defesa
dos interesses populares, a coragem, enfim, quero lhe agradecer do fundo do meu
coração, não só por esta iniciativa de hoje, como por todos os registros que
você tem feito e me mandado, cada vez que marca a passagem do falecimento do
Glênio. Eu terminaria, meus amigos, com uma frase do Carlito Maia, que também é
um grande amigo do Glênio, que me manda todos os anos, no meu aniversário, no
do Lorenzo, no do Glênio, uma mensagem. Este ano ele está muito doente e me
mandou um fax perguntando se eu queria
dar algum recado para o Glênio, porque ele já estaria na porta de saída. Eu
espero que isso não seja verdade. Eu tenho uma frase dele que considero muito
importante: “Uma vida só é pouca, mas com coragem pode ser muita”. Muito
obrigada, meus amigos. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos
agradecer a todas aquelas pessoas que vieram aqui participar desta homenagem.
Queremos agradecer, também, ao Ver. Pedro Ruas que fez com que esta Casa
pudesse viver um momento tão importante como este. Queremos agradecer à Sra.
Lícia Peres que pôde, mais uma vez, com a sua sensibilidade, trazer-nos uma
memória bem viva do que foi Glênio Peres para a nossa sociedade. Queremos dizer que para esta Casa sempre é
um motivo de júbilo, de muito orgulho, poder falar nesse homem que foi um dos
mais importantes que abrilhantaram esta Casa Legislativa. Muito obrigado a todos.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h24min.)
O SR. PRESIDENTE
(às 16h36min): Estão reabertos os
trabalhos. Queremos registrar a presença do nosso querido amigo Ver. Sebastião
Mello, Presidente do Diretório Metropolitano do PMDB e Secretário-Geral da
Caixa de Assistência ao Advogado, na OAB. Seja bem-vindo.
A
Vera. Clênia Maranhão solicita licença para tratar de interesses particulares
no dia 18 de março de 1998.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença da Vera. Clênia Maranhão, e dada posse ao
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Henrique Fontana está com a palavra em Comunicação de Líder, pelo PT.
O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores que acompanham a nossa
Sessão. Durante os últimos seis dias eu tenho assistido e escutado uma série de
entrevistas, especialmente, do Dep. Onix Lorenzoni, tratando de uma denúncia a
respeito da gestão da Saúde na Capital do nosso Município.
Há
três dias eu recebi, como muitos outros Vereadores, um panfleto assinado pelo
PMDB, PPB, PFL e PTB Jovem, onde uma série de inverdades são lançadas à
população de Porto Alegre, no sentido de confundir um debate fundamental para a
dignidade dos cidadãos desta Cidade.
Solicitei
à Liderança da minha Bancada esse tempo para me pronunciar, depois de muito
refletir, e solicito a compreensão dos Srs. Vereadores de que talvez eu precise
de um pouquinho mais do que cinco minutos para falar de coisas que são tão
caras, às quais eu dedico boa parte de minha vida e dediquei muito,
especialmente um ano de trabalho árduo para dirigir a Secretaria Municipal de
Saúde do nosso Município. Diz o referido deputado que a nossa gestão teria
desviado, economizado ou retirado da
saúde da população 9,9 milhões de reais ao longo de dezessete meses.
Isso significa Senhoras e Senhores Vereadores, um valor em torno de seiscentos
mil reais por mês, dos vinte e um milhões e trezentos que nós recebemos e temos
a responsabilidade de administrar. Esse dinheiro, Senhoras e Senhores
Vereadores, Sr. Presidente e Ver. Juarez Pinheiro, está sendo todo ele, e muito
mais do que ele, gasto para garantir a qualificação do atendimento em saúde da
nossa população. E passo a dar os dados. Em primeiro lugar, parte desses
seiscentos mil reais são gastos para custear o programa de saúde da família,
que o Dep. Onix Lorenzoni se esqueceu de computar nas suas contas, e que atende
hoje cento e vinte mil pessoas na Cidade de Porto Alegre. São trinta equipes de
saúde da família que fazem um trabalho preventivo, educativo e um trabalho de
qualidade na área de atendimento de saúde, também. Esse programa custa em média
trezentos mil reais por mês. E aí já está a metade do valor que o Deputado diz
que nós estamos desviando da saúde. Em segundo lugar, nós dizemos aqui com
todas as letras e com toda a segurança de que compramos mais medicamentos, e
seguramente muito menos medicamentos de que a população precisa e tem direito,
para abastecer de maneira mais qualificada os postos de saúde e o Hospital de
Pronto Socorro que atende à população desta Cidade e deste Estado. E esta
compra de medicamentos, compra de remédios - e aqui eu insisto Srs. Vereadores,
compra de remédios - está sendo chamada de desvio de recurso da Secretaria da
Saúde. Nós compramos em média mais de duzentos mil reais por mês, a mais de
medicamentos, do que eram fornecidos na rede
anteriormente a municipalização. Existe uma terceira conta que o Dep.
Onix Lorenzoni também esquece de fazer: é que quando recebemos os mil e
seiscentos servidores que foram municipalizados, muitos deles têm salários
inferiores aos dos municipários e reza a lei de que temos que usar parte dos
recursos do SUS para complementar o salário desses servidores municipalizados,
e isso gera uma despesa de mais cem mil reais por mês - e aqui já estamos em
seiscentos mil reais. Mas isso não basta, temos mais gastos e sustentamos em qualquer lugar em que o
Deputado tenha a hombridade de fazer um
debate público frente a frente com este Vereador e frente a frente com a nossa
gestão. Recebemos sessenta e quatro unidades de saúde em situação de absoluto
sucatamento, treze delas estavam fechadas, cinqüenta e uma delas tinham uma
carência de recursos humanos muito grande. E para minimizarmos os problemas de
saúde da população contratamos duzentas pessoas, médicos, enfermeiros,
enfermeiras, auxiliares de enfermagem para qualificar o serviço de saúde desta
Cidade, e nisso gastamos mais de duzentos mil reais por mês. E pergunto: algum dos Vereadores que aqui
está não faria o que eu fiz à testa da Secretaria da Saúde para gastar esse
dinheiro para qualificar esse serviço? Então, não é possível que se use uma
manipulação anti-ética para trabalhar e confundir a opinião pública como se
nós, como se eu, que dirigi a Secretaria por um ano, pudéssemos ser os
responsáveis pela falta, sim que existe, de leitos neste Estado, pela falta,
sim que existe, de leitos nesta Cidade, porque sabemos que o SUS vive uma
grande crise, mas precisamos fazer um debate dentro dos limites que a ética
exige para a disputa política. Podemos ter posições diferentes, podemos
debater se essa ou aquela é a melhor
posição para o País, é a melhor para a saúde, mas não podemos acusar
livremente, manipulando dados que as pessoas conhecem.
Ouvi
há pouco, e disse a ela que me emocionei ao ouvi-la, quando a Lícia Peres dizia
que tem que se ter muito cuidado ao fazer acusações, porque as acusações mexem
com as pessoas, mexem com a história de vida das pessoas e mexem com a família,
com os amigos dessas pessoas. E juntei isso a uma conversa que tive com a
empregada de minha casa, que ouviu uma conversa de meu filho com três amigos,
em que os amigos comentavam que os políticos são ladrões. E o meu filho
respondeu: “os políticos não são ladrões, o meu pai é político e não é ladrão”.
Portanto, temos de debater essa questão para saber quais são os limites da
ética, fazendo um debate sobre os posicionamentos políticos e sobre o destino
dos recursos.
Diz a pseudo-denúncia do
Dep. Onix Lorenzoni - eu teria vergonha de assinar um panfleto como este, que é
calunioso e mentiroso - que o Município recebe 42,3% dos recursos que vêm para
o Rio Grande do Sul e que isso é muito. Quero dizer a todos que o Município
presta 43,7% de todo serviço hospitalar e ambulatorial deste Estado. O referido
Deputado também coloca que nós estaríamos auferindo ganhos com investimentos.
Essa denúncia também diz que
economizamos recursos para auferir um ganho no mercado financeiro de um milhão
e meio de reais. Se nós, gestores desse recurso público, o deixássemos parado,
sem aplicação, nos dias que encaixam entre a data que recebemos e a data que
devemos pagar determinados compromissos, aí sim deveríamos ser acusados de cometer um crime contra o patrimônio
público. Nós investimos os recursos sempre
que disponíveis e o que é auferido com esse investimento é reinvestido,
integralmente, na área da saúde. Espero que esse debate fique dentro do terreno
da ética, que é devido para a disputa política, e que possamos fazê-lo em
muitos e muitos lugares, frente a frente, para que a opinião pública possa
julgar o que está acontecendo com a saúde de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Quero
agradecer ao Ver. Carlos Alberto Garcia, que faz chegar até esta Presidência
alguns brindes do IPA, ele que é um dos mestres daquele Instituto.
Quero
agradecer muito ao Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista. São 75 anos de
IPA. Amanhã haverá uma Sessão Solene.
O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Senhor
Presidente e Srs. Vereadores. Ouvi a manifestação de indignação do Ver.
Henrique Fontana com o Líder da Bancada do PFL na Assembléia Legislativa do
Estado, em face da denúncia do mesmo, formulada a cerca da utilização dos
recursos do SUS na Cidade de Porto Alegre.
Se
de um lado compreendo a indignação do Ver. Henrique Fontana, de outro, não
posso deixar de manifestar a minha surpresa quando se tenta, através da negação
pela negação “in limine”, negar um fato que se pretende ver devidamente
esclarecido e que partiu da análise pura e simples de documentos oficiais que
claramente identificam a situação em cima da qual o Dep. Lorenzoni formulou a
sua denúncia, isto é, que o Município de Porto Alegre não está gastando com
internação, não está gastando com os procedimentos ambulatoriais todos os
recursos que lhe são disponibilizados pelo SUS. Essa situação, hoje, inclusive,
é admitida pelo próprio Secretário Municipal de Saúde, que declara que parte
desses recursos estão sendo investidos no Pronto Socorro, e que parte desses
recursos estão sendo utilizados para custeio e remuneração de pessoal. A
imprensa estabelece claramente esse fato. Eu nem me surpreendo que isso esteja
acontecendo, pois a Casa toda sabe que no final do ano passado, com o protesto
de poucos, se aprovou aqui uma nova ordenação na Secretaria Municipal de Saúde
de Porto Alegre, onde eram criados cargos em comissões da mais alta hierarquia
funcional e remuneratória do Município, e que, na ocasião, admitiam que
recursos do SUS seriam utilizados para essa finalidade. Não votei
favoravelmente àquele fato. Lembro que o Ver. Antonio Hohlfeldt, quando
analisava esse Projeto, dizia que se
fosse uma tentativa de se contratar mais médicos, de melhor qualificar os serviços
de saúde pública do Município de Porto Alegre com a contratação de técnicos e
profissionais afins ligados à
finalidade última da atividade, certamente a posição deveria ser diferente.
Hoje,
se verifica que há uma “economia” no Município nos recursos do SUS, e esses
recursos, segundo o próprio Secretário de Saúde do Município, Lúcio Barcelos,
são utilizados para reinvestimento no Pronto Socorro, para outras situações e,
inclusive, para a remuneração do pessoal. Associa-se a tudo isso, Ver. Elói
Guimarães, aquela situação denunciada quando votamos o orçamento do Município,
em que era desconsiderada como receita corrente a quantia de cerca de duzentos
e cinqüenta milhões de reais que o SUS transfere ao Município para atender
determinadas obrigações.
De
outro ponto, Sr. Presidente, não há dúvida de que a Administração Municipal, ao
assumir o SUS, um fato público e notório, estabeleceu tetos de atendimentos que
estão sendo questionados não pelo Dep. Onix Lorenzoni, estão sendo questionados
inclusive por instituições de saúde das mais respeitáveis deste Estado, como é
a Santa Casa de Misericórdia que, claramente, declara que poderia atender mais
pessoas naquele hospital, naquele complexo hospitalar, não fosse o achatamento
do teto provocado para obter-se a economicidade, que hoje é apontada como
nociva à saúde pública na Cidade de Porto Alegre. Eu quero dizer ao Ver.
Henrique Fontana, com o maior respeito, eu que lhe dedico grande carinho,
grande afeição pessoal, que quero discutir, sim, este assunto dentro da ética,
porque é dentro da ética que quero ver esclarecido, para Porto Alegre, como é
que numa Cidade em que faltam leitos, onde nascem crianças nas portarias dos
hospitais, se estabelecem tetos que geram economicidade para o Município capaz,
inclusive, de remunerar uma nova estrutura político-administrativa da
Secretaria da Saúde, enquanto existe possibilidade de atendimento nos hospitais
que colocam à disposição mais vagas para o Município de Porto Alegre e que não
as vêem aproveitadas porque insiste o Município
em manter um teto que lhe provoca a economia, mas que gera situações como essa
que denunciei nesta hora. Por isso - concluo - aceito, dentro da ética, a
discussão, mas com toda a transparência, com toda a clareza, inclusive com
acesso desses dados oficiais já levantados, que dizem que não é nenhuma
diatribe, como disse o Dep. Onix Lorenzoni, é uma verdade constatada, que
precisa ser amplamente esclarecida no interesse da saúde pública nesta Cidade.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com
a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ratifico inteiramente as palavras do Ver. Pujol
no sentido de que, de fato, este debate tem que ser feito, e é fundamental que
este debate seja feito porque as coisas precisam ser, necessariamente,
esclarecidas. Vou deixar, inclusive, nos próximos dias, que o Ver. Cláudio
Sebenelo, que é da área, represente o PSDB nesse debate e faça um
acompanhamento desse setor. Eu quero, dando um salto para Porto Alegre, chamar
a atenção de V. Exas., muito especialmente dos Vereadores que integram a CUTHAB
- Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação - para o que quero trazer aqui
e o que vou formular, inclusive por escrito, solicitando a intervenção da
CUTHAB. É o caos absoluto provocado pela SMT junto à Pontifícia Universidade
Católica, não apenas na Avenida Ipiranga, mas também pela Avenida Bento
Gonçalves; não apenas no horário do pico noturno, mas em cada horário de entrada
de aula.
Não
tenho a menor dúvida de que retirar faixa de segurança e retirar travessia de
pedestres na Avenida Ipiranga é uma medida acertada. Eu também não tenho a
menor dúvida de que impedir o estacionamento de alunos, ou de quem quer que
seja, sobre a calçada, junto ao leito do riacho, esteja correto, só que tem um detalhe: a SMT tinha que ter feito,
obrigatoriamente, um planejamento e um acompanhamento desde o primeiro dia de
aula para evitar o caos absoluto que virou a Avenida Ipiranga. Aluno que tem
aula às dezenove horas e trinta minutos - não adianta rir, Vereadora, porque é
exatamente isso; vá lá ver que V. Exa. comprova. - não entra na PUC antes de
vinte horas e quinze minutos. E essa é, inclusive, a minha experiência pessoal,
pois nem o estacionamento de professores agora consegue ficar livre.
Os
fiscais da SMT não existem, não aparecem. A Brigada finge que não sabe de nada.
E os estacionamentos pagos da PUC fazem o que bem entendem, cobrando ingresso
na entrada quando deveriam fazer na saída. O resultado: a tranqueira no
trânsito da Ipiranga hoje é nos dois lados, e sai da PUC e vai parar três
blocos adiante, ou seja, ultrapassa o cruzamento da Cristiano Fischer, da
Salvador França e vai parar lá no início do Jardim Botânico.
Portanto,
é um absurdo ao que estamos assistindo por absoluta omissão da SMT. O que eu não consigo entender é como é que a
participação popular, a defesa dos menos disponíveis é o discurso da Prefeitura
do PT e, no entanto, o que estamos assistindo são alunos engavetados dentro dos
ônibus da Carris ou dos ônibus que vêm da Restinga, ficando trinta, quarenta,
cinqüenta minutos para vencer três quadras. Os alunos que têm carro e que já
pagam caro pelos seus estudos, além de pagar estacionamento ainda gastam
gasolina, tempo e pagam para não assistirem aula, porque não conseguem chegar
na hora e, obviamente, não vão sair mais cedo do emprego, porque os seus
patrões não vão permitir que o façam.
O
que nós estamos assistindo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todos dias, a
todo o momento, embora muito pior no horário da noite, é exatamente à
incompetência absoluta de uma equipe de pseudotécnicos que fazem as coisas -
perdoem a expressão - nas “coxas”, no papel, sem irem lá para assistir. Porque
remanejar o estacionamento de táxis - que há mais de dois anos nós pedimos -, a
parada de táxi - que está totalmente deslocada em relação à saída dos alunos -,
fazer o remanejamento da parada de táxi-lotação e de ônibus - que é o que tinha
que ser feito -, nada! Intervir nos estacionamentos pagos para obrigá-los a
cobrarem na saída e não na entrada, nada! A SMT está omissa e, eu diria mais,
conivente. Parece que é de propósito, que querem realmente criar um caos total
ali e, depois, botar a culpa na PUC; ou botar a culpa em quem tem carro - é pecado, provavelmente, ter carro. Isso,
quem me comentou, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não foi ninguém de
oposição, foi um aluno que, inclusive, é filiado ao PT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos
os Srs. Secretários aqui presentes para, se quiserem, tomar assento aqui em
nossa Mesa.
O
Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quando cheguei nesta Casa pela primeira vez,
nós éramos 21 Vereadores. As comissões permanentes desta Casa eram em número de
três e eu fui designado, engenheiro que
sou, para ser membro da Comissão de Constituição e Justiça. Lá estavam o Martim
Aranha, advogado, Clóvis Paim, advogado, Wilson Arruda, farmacêutico e o José
Véchio, que era um trabalhador extraordinário. E a Comissão de Justiça
funcionava! Eu estou nesta tribuna para reclamar um pouco da Comissão de
Justiça. Eu sou um Vereador porque escolhi sê-lo e porque o povo me aprovou
todas as vezes que fui candidato, por isso, tenho obrigação de acompanhar as
coisas que acontecem no Município e, permanentemente, faço solicitações à
Comissão de Justiça para que me informem do cumprimento da Lei Orgânica em
especial, porque sempre digo que lei tem que ser clara, precisa, concisa e,
sobretudo, respeitada. No ano passado eu fiz uma consulta à Comissão de Justiça
para que me dissesse se o “até 15 de março” era até 15 de março ou depois do
dia 15 de março. A Comissão de Justiça me disse que era depois do dia 15 de
março. Mas a Prefeitura este ano já ficou preocupada, porque eu criei problema
no ano passado, e mandou antes do dia 15 de março a relação dos servidores,
conforme determina a Lei Orgânica no art. 23. Eu vou analisar isso. O art. 68
da Lei Orgânica que eu pedi que fosse interpretado pela Comissão de Justiça no
ano passado - e eu era membro da Comissão de Justiça - não foi feito. Pedi duas
análises de duas infrações, no meu entendimento de dois atos de desrespeito do
Executivo Municipal ao Legislativo, e a Comissão de Justiça, este ano, baixou
em diligência ao Executivo. São dois poderes, diz a Lei Orgânica, independentes
e harmônicos entre si. E a Lei Orgânica foi tratada de forma muito triste pela
Comissão de Justiça, pois foi mandado baixar em diligência quando o Prefeito
informou falsamente a este Vereador, portanto a esta Casa - porque a
correspondência é dirigida ao Presidente e a todos os Vereadores,
conseqüentemente - e quando o Prefeito, respondeu, de forma também evasiva -
mas era muito agressiva - foi baixado em diligência. Mas os dados que o
Executivo apresenta, e é obrigado a apresentar todos os anos, até o dia 15 de
março, neste ano vieram no dia 13 de março.
Então,
vemos aqui que a Prefeitura, em 31 de dezembro de 1987, tinha no total vinte
mil, setecentos e cinqüenta e seis servidores. Este ano, manda uma informação
de que no dia 31 de dezembro de 1997 - dez anos depois - teria vinte e seis
mil, cento e cinqüenta e sete servidores. É falsa a informação, por um lapso
colocaram aqui qualquer coisinha e esqueceram que deve haver cerca de
seiscentos estagiários que não foram computados. Isso me leva a ver que em dez
anos o número de servidores cresceu em seis mil. Quase 30% a mais de servidores
que havia há dez anos antes. Quanto cresceu a população desta Cidade nesses dez
anos? Terá crescido 3%? Nós já não tínhamos servidores além do necessário
antes? E a Prefeitura continua empregando!
Mas
não é nada, Sr. Presidente. As cartas-contratos estão aí em grande quantidade.
E uma delas, que está aqui - eu não teria tempo para analisá-la - contrata
alguém por R$ 9.100,00 mensais para assessorar o Gabinete de Orçamento. Como se
a Prefeitura não tivesse técnicos dos mais competentes do Brasil! Nove mil e
cem reais por mês! Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu estava analisando, esses dias,
a postura do Governo Municipal em relação à área de educação. Tenho
ouvido falar - por isso pedi aos meus companheiros de Bancada a cedência
do tempo de Liderança - em algumas
coisas que nada tem a ver com a verdade dos fatos, e fico preocupado.
O
Município de Porto Alegre instituiu uma experiência, um estudo por ciclos, que
está sendo colocado como uma grande panacéia, uma coisa maravilhosa para
resolver problemas da educação. Quem gosta disso são os estatísticos. Eles
gostam de colocar nas estatísticas que
aprovaram tantos e, com isso,
livram-se do problema das
estatísticas negativas. As pessoas estão sendo envolvidas e hoje acham, pelo
belíssimo marketing que o Governo Municipal está fazendo, que o estudo
por ciclos é uma coisa boa. Só que eles não têm nenhuma experiência, não sabem
nada de estudo por ciclos, não existe
nenhuma experiência nacional a respeito
e está sendo aplicado a valer. É do tipo do calendário rotativo aqui no Rio Grande do Sul, o qual
todo o mundo foi contra.
Eu
vi que o Secretário Municipal de Educação, o Sr. José Clóvis - até me
entristece profundamente, porque lutamos na mesma trincheira em defesa da educação -, que criticava os
que faziam experiências educacionais sem nenhuma base técnica e científica, faz
a mesma coisa hoje.
Criou-se
o Fundo Nacional de Educação - é bom que os Vereadores saibam disso - que foi
uma conquista da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, da CNTE,
que tem no seu comando companheiros do Partido do Governo, em
Brasília, da antiga CTB. Esta era uma
reivindicação antiga, justamente para que se criasse um fundo para haver
justiça na distribuição dos recursos públicos na área da educação. Foi feito o
Fundo a pedido da própria CNTE, a pedido dos próprios companheiros que hoje
militam no Partido dos Trabalhadores, da própria Profa. Esther Grossi, e de
tantos outros que estão em Brasília. Eu vi feliz a Dep. Esther Grossi junto com
o Presidente da República, alegres pelo processo de alfabetização dos
adultos, tirando fotos em Brasília. A
Dra. Esther, que é dada como entendida em educação, cometeu essa heresia de
fazer esta emenda na LDB, de colocar o estudo por ciclo, que seria uma
experiência nacional.
Mas,
agora, vem uma outra questão: Porto Alegre será prejudicada na área da
educação, vai receber menos recursos porque não aplica em educação, porque os
municípios que aplicam em educação não terão nenhum prejuízo, pelo contrário,
vão receber mais recursos, e esta conquista é da Federação Nacional dos
Trabalhadores em Educação. Não é uma conquista do Fernando Henrique Cardoso,
Presidente deste País, nem do Paulo Renato de Souza, Ministro.
E
vi que os Vereadores passaram aqui na Câmara a tarde inteira louvando o Sr.
José Clóvis Azevedo. Pois ele está cometendo heresias no campo da educação em
Porto Alegre, com um “marketing” maravilhoso, pois esta Casa aprovou verbas
fantásticas para publicidade, e todas as noites tenho visto propagandas -
caríssimas, é evidente, vão gastar este ano mais de dez milhões em propaganda e
três milhões em educação - bonitas, mas o que mais me entristece é que se transmite
uma imagem errada para a população, de que se está dando educação, quando não
existe nenhuma política pedagógica definida no Município de Porto Alegre, nas
trinta e poucas escolas de primeiro grau que tem o Município. Estamos
invertendo totalmente o processo. Porto Alegre, em termos de educação, está mal
administrada e vai receber menos recursos porque não investe em educação. E o
Fundo é uma conquista da esquerda brasileira, que se diz tão esquerda, que na
hora em que é Governo fica contra, porque não tem a coragem de assumir que
foram eles mesmos que reivindicaram, e aí transmitem uma imagem errada para o
povo, de que na verdade a culpa é do Governo Federal. Não, a culpa é de não
investirem em educação, de serem tão poucas as escolas municipais.
Por
isso, é bom o Projeto do Ver. Antonio Losada que vai estimular ainda mais a
adoção pela iniciativa privada, pelas associações, de escolas municipais. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Carlos Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS GARCIA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, voltamos a ocupar esta tribuna para abordar um
assunto que já comentamos na semana passada, que é o transbordo de Belém Velho.
A situação está cada vez mais precária. As empresas que fazem o Salso, Rincão e
São Francisco se deslocam até a praça de Belém Velho, que não tem as mínimas
condições para o transbordo. É um local de chão batido, não existe banheiro
próximo ao local para atender os motoristas que trabalham o dia inteiro. Além
disso, os moradores se deslocam do Rincão e ficam de 15 a 20 minutos esperando
no local.
Nós
estamos esperando que o Executivo providencie uma solução. Já fizemos contato
com o Presidente da CUTHAB para que participasse de uma reunião, mas não foi
possível o seu comparecimento. Ontem houve outra reunião, onde o Sistema de
Transporte Sul colocou as suas dificuldades. Mas o que nos causa maior
estranheza é que a população local não foi consultada. E eu volto a enfatizar
que defendo o Orçamento Participativo. Só que o Orçamento Participativo tem que
ser priorizado em todos os aspectos senão, não é Orçamento Participativo. O PSB
faz questão de dizer que o Orçamento Participativo tem que ser feito em todas
as situações, ou seja, o povo tem que ser consultado em todos os momentos. E
nesse caso do transbordo, a população de Rincão, em Belém Velho não foi
consultada. O transbordo aconteceu de um dia para o outro. Isso nós não
aceitamos e não podemos compactuar. Por isso, voltamos a insistir para que o Presidente
da CUTHAB e representantes da Secretaria Municipal dos Transportes visitem o
local e verifiquem as condições de insalubridade às quais os motoristas e a
população estão sendo submetidos.
O
Hospital Parque Belém, inclusive, está à disposição para acolher esse
transbordo. Por que não o fazem lá? Ao mesmo tempo, eu volto a dizer: consultem
a população local, verifiquem se esse é realmente o seu desejo, porque o que
está ocorrendo, além de aumentar o tempo das viagens em aproximadamente 20
minutos, é que todos os ônibus estão saindo com uma superlotação. Então a
questão da qualidade do nosso transporte também passa a ser priorizada, num
segundo plano.
Enfatizamos
que isso é uma medida urgente porque, senão, na próxima semana, nós vamos
novamente enfatizar. Já existe hoje um abaixo-assinado com mais de 1500
assinaturas. Mas o que a população quer na realidade é ouvir, entender por que
houve o transbordo, por que foram colocados naquelas condições de insalubridade
total e por que, principalmente, não foram consultados.
Então
enfatizamos, somos a favor, sim, do Orçamento Participativo, mas em todas as
circunstâncias, fazendo com que a população da nossa Cidade tenha a plenitude
de dialogar, conversar e expor as suas razões. E, neste caso, a população não foi
consultada. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu
compreendi muito bem o desabafo do Ver. Henrique Fontana, a quem admiro, e a
sua angústia com as questões da saúde, ele que foi Secretário até há bem pouco
tempo.
Eu
não vou entrar em detalhes, porque essa discussão está radicalizada. Eu ouvi um
debate, ontem, com o próprio Ver. Henrique Fontana e os deputados. Foi um
debate, no final, muito acirrado e emocional, denúncias para lá e para cá. Mas
eu quero dizer o seguinte a respeito da saúde: a população começa a agradecer.
E o que nos interessa, no fundo e na base, é a população.
Nós,
por exemplo, não estamos interessados no fracasso do governo A, B ou C, e sim,
em que a população receba do governo, ou de quem quer que seja, a devida
atenção e as providências, principalmente, em relação a assuntos como o da saúde.
Então,
a população vê, de um lado, o Grupo Hospitalar Conceição fazer uma sindicância
de seis dias, rápida, buscando a não-impunidade. Aí, são punidos três médicos e
dito que eles estavam escondidos no andar, e que não quiseram - embora as
insistências das enfermeiras -, em cima de uma decisão administrativa - de que,
quando estivessem lotados os leitos da maternidade, não entrasse mais ninguém -
receber a moça que deu à luz no saguão. Por isso foram punidos os três médicos.
Então vem o CREMERS e diz que não deveriam ser os médicos e sim o Diretor
Técnico do Hospital a ser punido. Isso é uma outra discussão e não entrarei em
detalhes, porque não li a sindicância,
não sei se é corporativismo dos médicos.
A
população começa a agradecer, porque estão começando a ser tomadas providências
para que não ocorram partos no saguão, mas ocorreu novamente, lamentavelmente.
Dessa vez, não por circunstâncias de desprezo, de desleixo, mas por detalhe,
tanto que um médico esteve presente, no final, junto ao parto.
Sobre
a discussão de que se usou toda a verba do SUS ou não, não me aprofundarei,
porque não podemos lançar a honra alheia na berlinda.
“Grupo
Hospitalar Conceição, do qual o Hospital Fêmina faz parte: um parto no saguão.”
Denúncias de que a verba do SUS está sendo guardada, ou que não está sendo
usada nos leitos, enfim, tudo isso faz com que a imprensa fique antenada. O
Paulo Sant’ana, que foi um grande Vereador, e é um arguto observador das coisas
da Cidade, está cobrando em nome da população. Nós queremos ver as questões
resolvidas. Não interessa se os médicos fazem corporativismo, se o grupo
Hospital Conceição tem ou não que punir o seu Diretor Técnico, se a denúncia do
Deputado do PFL é válida ou não.
O
Ver. Henrique Fontana é um homem íntegro - isso eu posso afirmar -, mas eu já
disse que o que interessa é que a população comece a receber, finalmente, a sua
cota dos impostos que paga, das agruras por que passa na área da saúde, a
contraprestação do Estado, do Município ou de quem quer que seja, para que não
ocorram mais fatos como os que vinham acontecendo. Toda essa alaúza da saúde
pode preocupar alguns, não a mim. Em
nome da população nós agradecemos. Queremos que essa história toda resulte em um ponto só: a melhora dos serviços
de saúde. E nisso estamos todos concordes, nessa unanimidade não há burrice.
Queremos melhor atendimento na área da saúde para todos, também para os pobres;
não é por ser uma monitora de creche que tem que dar à luz a um menino, por
sinal rico, lindo, cabeludo, maravilhoso, cheio de saúde, graças a Deus ... Mas
não é a questão social, a questão é que, se o rico pode pagar, que o pobre -
embora não possa - tenha um tratamento digno que merece.
Quero
dizer para finalizar, bendita a hora daquele parto, porque acendeu a luz
vermelha do que estava acontecendo e que não vinha à lume, que não vinha às
primeiras páginas dos jornais, mas era triste, indigno, horrível, era
vergonhoso para todos nós como cidadãos e cidadãs. Que desse entrechoque todo
de denúncia, não-denúncia, de dinheiro para cá, para lá, que finalmente
apareçam os leitos, apareçam as vagas e que a saúde se faça presente a todos os
cidadãos e cidadãs deste Estado, desta Cidade e deste País. É o
que se quer. Bendita discussão. Que
dessa discussão nasça a luz! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. José Valdir solicita licença para
tratamento de assuntos
particulares.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. José Valdir, e dada a posse a
Suplente, conforme consta da Ata.)
O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, fica um questionamento. Há um mês, em uma entrevista à RBS,
um soldado da Brigada Militar revelou que no patrulhamento que faz com viatura,
na cidade de Viamão, ele tinha encaminhado para Porto Alegre uma grande
quantidade de mães para ganharem seus bebês e que, em algumas vezes, ele e seu
colega tinham procedido a partos dentro da viatura. Eu pergunto: isso virou
manchete de jornal? Virou debate? Não! No Município de Viamão não se tem um
leito materno pelo SUS. Onde está a origem disso? Que problema é esse? Que
crise é essa do SUS que nós enfrentamos?
É interessante
voltarmos a este debate porque no começo do ano de 1996, que era um ano
eleitoral - eu lembro bem -, quando participei do Conselho Municipal de Saúde,
que enfrentamos um debate sobre o modelo de saúde de Porto Alegre. Alguns
diziam que a Prefeitura de Porto Alegre tinha que apostar na construção de
postos de 24 horas. E isso foi a tônica do debate.
Este ano por
coincidência é um ano eleitoral e estamos no mês de março, o mês que está
abrindo a disputa eleitoral. Relatei isso inicialmente para dizer que ontem, na
visita que a Comissão de Saúde fez ao Hospital Fêmina, foi-nos dito, por seu
Diretor: “Sim, havia um problema na norma do Hospital. Essa norma fazia com que
a mãe fosse triada lá embaixo por um funcionário que não estava capacitado para
isso. Revogamos essa norma. Mas é interessante registrar aos Vereadores que o
Hospital continua superlotado. A UTI neonatal e os leitos maternos continuam
superlotados”.
O
que o Diretor do Hospital nos disse? Que o problema continua. Nascem 500 e
poucas crianças no Hospital Fêmina por mês, e uma nasceu no saguão. Com
acompanhamento, agora, mesmo não nascendo mais crianças no saguão, o problema
continua, o hospital está superlotado.
Eu
pergunto: dos 25 municípios da Grande Porto Alegre, como está o Sistema de
Saúde, o SUS? Essa pergunta, nós, os Vereadores da Cidade de Porto Alegre,
temos que responder, porque é para cá que está vindo o problema. Porto Alegre
tem que se negar a atender essas mães que vêm do interior? Não, temos que
atender; mas, temos que fazer um debate com o Ministério da Saúde para dizer
que precisamos de mais verbas para ampliar o número de leitos, para construir mais
hospitais na Grande Porto Alegre, para abrir mais o atendimento pelo SUS no
Hospital de Caridade de Viamão. É isso que queremos fazer.
O Sr. Guilherme Barbosa:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. sabe que Porto Alegre recebe 42% das verbas do SUS, do
Estado; mas já atende mais de 44%. Portanto, Porto Alegre, diferente do que
alguns dizem, está atendendo mais do que o percentual de verba que vem para cá.
Acho
que é importante destacar que Porto Alegre aloca recursos de seu orçamento de
13%, embora haja uma discussão nesta Casa se entra ou não do SUS. Mas, mesmo
que seja esse debate feito, seriam 9%, enquanto no Estado é em torno de 2%, e a
União vem baixando gradativamente. A previsão para 98 é um pouco mais de 7%.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Esse era o
registro que gostaríamos de fazer aqui, da questão estrutural que estamos
colocando em debate; não é uma questão local de Porto Alegre, é uma questão
estrutural.
O orçamento
federal retirou cinco bilhões da Saúde. Registramos isso no ano passado. Cinco
bilhões a menos no orçamento da União para a Saúde. Foi feita uma denúncia
bombástica sobre a retirada desses cinco bilhões do orçamento? Não. Isso não
foi feito.
O
orçamento estadual, na área da Saúde, se reduz ano a ano. No ano de 97, foram
executados só 2,48% do orçamento. Isso
não foi registrado.
A
denúncia bombástica que é trazida à Cidade de Porto Alegre é que a sua
Prefeitura pega o dinheiro da Saúde e faz saúde! Eu gostaria de perguntar a
quem faz essa denúncia: o que fazem o Governo do Estado e o Governo Federal com
os recursos públicos?
Essa é que é a
denúncia! Para onde foram os cinco bilhões que foram reduzidos do orçamento da
União? Que destino tem o dinheiro do CPMF? São perguntas que têm que ser
respondidas, porque não viram denúncia nos jornais.
Também gostaria
de dizer que a Comissão de Saúde desta Casa tem a preocupação de visitar, de
ouvir, para poder analisar melhor o que está acontecendo; e os dados não são
colocados por este Vereador, mas pela Comissão Externa de Saúde da Câmara
Federal, pelos Deputados Airton Dib, Paulo Ritter, Jair Soares, Paulo Paim e
Miguel Rosetto, que são de diversos partidos. E os dados dizem: na Grande Porto
Alegre há uma redução de 30% dos leitos; há cidades sem um atendimento pelo SUS.
Essa denúncia não é feita por nenhum deputado da nossa Assembléia Legislativa.
Vejam a
prioridade que o Governo Federal dá ao SUS, retirando verba para passar para o
PROER, para sustentar bancos privados. Isso não vira denúncia; o que vira
denúncia é a forma irresponsável como é tratado esse assunto: Porto Alegre
gasta o dinheiro com saúde, sim, com prevenção, com atendimento hospitalar.
Isso vira denúncia. Para nós, é um orgulho dizer à Cidade que estamos gastando
muito bem o dinheiro da saúde. Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
JOÃO DIB (Requerimento): Requeiro que a Comissão de Saúde, presidida pelo Ver.
Renato Guimarães, analise o Parecer da Comissão de Justiça que, por
unanimidade, informa que a Prefeitura não aplica 13% do seu orçamento global na
saúde. Espero que essa questão seja analisada. Inclusive, há dois votos do PT
confirmando a unanimidade. Esse
percentual, previsto na Lei Orgânica, nunca foi aplicado na saúde, no Município
de Porto Alegre, depois de 1988.
O SR. PRESIDENTE: O
Sr. Secretário está dizendo que esse Requerimento, na forma regimental, deve
ser feito por escrito. Ver. João Dib, quando esse Requerimento chegar à Mesa,
com muito prazer, vamos colocá-lo em
votação.
O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): O Regimento
diz que ele pode ser oral ou escrito, mas o farei por escrito, porque
colocarei detalhes.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr.
Presidente, solicitamos que o Requerimento do Ver. João Dib possa chegar com
urgência na Comissão de Saúde, porque temos o maior interesse de tratar desse
assunto, já que, pelo acompanhamento que fazemos, entendemos que Porto Alegre
gasta muito mais do que 13% do orçamento em saúde.
O SR. JOÃO DIB (Esclarecimento): Se
o Presidente da Comissão de Saúde está com tanta urgência - ele sabe bem sobre
o que falei, agora, no Plenário -, ele pode trabalhar já, e eu, se precisar,
vou buscar cópia do Processo no meu gabinete, já que a Comissão de Constituição
e Justiça diz por unanimidade que na saúde do Município não são aplicados 13%
do orçamento.
O SR. PRESIDENTE: Passamos
à
1ª
SESSÃO
PROC. 0504/98 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 009/98, de autoria do Ver.
Antônio Losada, que modifica Lei nº 6215/88, que dispõe sobre adoção de escolas
de 1º Grau por empresas ou pessoas físicas e dá outras providências.
PROC. 0524/98 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/98, de autoria do Ver.
Cláudio Sebenelo, que impede a instalação de bancas de artesãos, ou qualquer
exploração comercial, nos passeios do Parque Farroupilha.
2ª
SESSÃO
PROC. 0597/98 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 013/98, de autoria do Ver.
Juarez Pinheiro, que dispõe sobre a obrigatoriedade de colocação, nos ônibus e
lotações, de, no mínimo, dois recipientes para coleta de lixo.
PROC. 0685/98 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 007/98, que altera a ementa
e os artigos 1º e 5º da Lei nº 7679, de
19 de outubro de 1995, relativa à associação do Município à Instituição
Comunitária de Crédito - Portosol.
PROC. 0509/98 -
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 004/98, de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol, que confere a Luiz Carlos Barbosa Lessa o Prêmio Tradicionalista Glaucus
Saraiva.
3ª
SESSÃO
PROC. 0479/98 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 004/98, de autoria do Ver.
Adeli Sell, que dispõe sobre o uso dos espaços publicitários nos ônibus da
Companhia Carris Porto-Alegrense para campanha educativa contra a
violência à mulher.
PROC. 0585/98 -
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 012/98, de autoria do Ver.
Cláudio Sebenelo, que autoriza o Executivo Municipal a instituir concurso com
vistas à construção de um monumento em homenagem aos 500 anos do descobrimento
do Brasil e dá outras providências.
PROC. 0631/98 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 005/98, que adapta o Plano
Classificado de Cargos dos Funcionários no Departamento Municipal de Água e
Esgotos à Lei nº 6309, de 28 de dezembro de 1988.
PROC. 0632/98 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 006/98, que transfere ao
Município de Porto Alegre uma área de terras de propriedade do Departamento
Municipal de Habitação - DEMHAB e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. Não
havendo quem queira discutir, encerrada a discussão preliminar de Pauta.
Solicito
que o Sr. 1º Secretário leia o Ofício nº 119/GP, oriundo da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre.
“Senhor
Presidente:
Ao
cumprimentá-lo respeitosamente, comunico a V. Exa. que o Vice-Prefeito deverá
ausentar-se do Município em viagem a Horizontina, Santa Rosa, Santo Ângelo e
Ijuí, no próximo dia 20, sem ônus para esta Prefeitura. Durante esse período,
deixará de receber remuneração, pois estará tratando de assuntos de interesse
particular.”
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Requerimento):
Sr. Presidente, as Lideranças da Casa, trabalhando sobre as matérias que devem
ser apreciadas hoje, construíram a seguinte ordem de votação: PLE nº 042/97 –
Proc. nº 3033/97, com Veto Parcial; PLCL nº 015/97 – Proc. nº 2424/97, com Veto
Total; PLL nº 112/97 – Proc. nº 1816/97, com Veto Parcial; PLL nº 193/97- Proc.
nº 3302/97, com Veto Total; PLCL nº 008/97 – Proc. nº 1277/97, com Veto Total.
Depois, seguiríamos a ordem normal de votação dos demais Projetos que estão nos
avulsos da Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento da Vera. Maria do
Rosário, solicitando alteração da ordem de apreciação dos Projetos que estão na
Ordem do Dia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 3033/97 - VETO
PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 042/97, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de
1998.
Pareceres
- da CCJ.
Relator Ver. Guilherme
Barbosa: pela manutenção
do Veto Parcial;
- da CEFOR. Relator
Ver. Clovis Ilgenfritz:
pela manutenção do
Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos
membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento
da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto,
aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE:
Em discussão o PLE nº 042/97. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para
discutir.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Veto
Parcial a esta Emenda, no ano do Orçamento Municipal serve, sobretudo, para
evidenciar o tipo de manipulação que a Administração Municipal costuma fazer da
opinião pública, quando discorda de alguma coisa.
Foi
distribuída pela Prefeitura Municipal na Sessão passada, na segunda-feira, uma
pasta - aliás muito bem escolhida -, de cor preta, porque realmente é
lamentável essa prática, contendo alguns artigos de jornais que tentariam dar
suporte em defesa à idéia do Veto da Emenda. Distribuíram dois artigos do Prof.
Luiz Augusto Fischer e se distribuiu também um artigo do jornal “Zero Hora”. A
equipe da Secretaria Municipal de Cultura só esqueceu de distribuir um artigo de
minha autoria, também publicado no “Jornal ABC”, e só esqueceu de distribuir o
outro lado da pág. da “Zero Hora”, em que se tinha a posição favorável ao Veto
de um lado, e de outro lado a posição contrária ao Veto. Esse é o tipo de
manipulação de opinião pública realmente triste, porque, quando abrimos um
debate me parece que, no mínimo, sobretudo numa Casa política como esta, o
debate deve ser aberto, trazendo-se as duas posições. Eu quis colaborar com os
Srs. Vereadores, não consegui trazer a outra pág. da “Zero Hora”, porque isso
já está no meu arquivo, mas trouxe, pelo menos, o meu artigo do “Jornal ABC” em
que eu justificava a Emenda feita.
Eu
quero, ao mesmo tempo, chamar a atenção dos Srs. Vereadores de que nos últimos
dez dias, os primeiros jornais do centro do País: “Jornal do Brasil”, “O
Globo”, “Diário Brasiliense”, depois a “Zero Hora” ecoou a mesma notícia. O
grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz”, que não serve para ganhar 250 mil reais dentro do
orçamento da Cultura de Porto Alegre, foi um dos dez grupos teatrais
escolhidos, dentre centenas de grupos de todo o Brasil, que recebeu um
financiamento do Ministério da Cultura para a produção do seu espetáculo, nesse
ano. É curioso nós ficarmos com esse gosto e alguém comentava outro dia comigo:
“É... o que não serve para Porto Alegre, serve para o Brasil”. E realmente é
isso que os grupos e outros companheiros de São Paulo e do Rio de Janeiro ficam
perguntando quando acontece este tipo de Veto, quer dizer, o “Ói Nóis Aqui
Traveiz” tem uma história fantástica de contribuição à cultura de Porto Alegre,
não consegue sensibilizar a Administração Municipal.
É
bom lembrar que desde o início de todo este debate - a longa discussão envolve
a permanência da “Terreira da Tribo” em sua sede, na José do Patrocínio - temos
assistido a constante má-fé da equipe da Secretaria Municipal de Cultura.
Quando digo má-fé, estou referindo, inclusive, aos integrantes do Conselho de
Patrimônio Histórico. Situação que denunciei aqui, há uns três anos, quando o
episódio ocorreu, quando esta Casa, por iniciativa inclusive de um Vereador do
PT, Ver. Giovani Gregol, constituiu uma Comissão Especial Externa, para fazer o
acompanhamento. Esta Casa, através do Ver. Luiz Braz, que na ocasião era também
o Presidente do Legislativo, foi ao Prefeito Tarso Genro, foi ao Secretário
Pilla Vares, para instar o Poder Público Municipal a buscar alternativas que
garantissem a permanência do Grupo “Oi Nóis Aqui Traveiz” na sede da José do Patrocínio.
Nós
temos conceitos construídos na última década, pelo menos; conceitos já
reconhecidos e colocados dentro da Constituição de 1988, dos chamados bens
culturais tangíveis e intangíveis, que servem mais do que afirmativamente de
defesa para aquilo pelo qual lutam os companheiros da “Terreira da Tribo”. Mas
parece que os companheiros do COMPAHC e de todos os outros órgãos, dentro da
Secretaria Municipal de Cultura, fecham os olhos e lêem apenas a coisa mais
restrita possível que é: não pode, não pode e não pode!
Chegamos
ao cúmulo de termos negociado nesta Casa, no ano passado, dezenas de emendas,
chegarmos a valores aceitos por Governo e oposição. Negociamos, por exemplo,
uma emenda para uma escola lá da Zona Sul, proposta pelo Ver. Eliseu Sabino, e
não houve disposição do Governo Municipal para negociar a emenda da “Terreira
da Tribo”.
Eu
só posso lamentar e repetir: é má-fé e eu gostaria de entender por que essa
má-fé, essa má-vontade com o grupo “Oi Nóis Aqui Traveiz”? Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
O Ver. Gerson Almeida está com a palavra para discutir.
O
SR. GERSON ALMEIDA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, demais
cidadãos que hoje acompanham esta Sessão. Vou pedir desculpas naturalmente a
todos aqueles que estão acompanhando a Sessão há horas, porque não vou ser muito original ao tratar desse assunto, por dois motivos:
primeiro, por limitação pessoal e segundo,
porque essa é uma discussão muito antiga e que agora se apresenta na
forma de uma Emenda que retira do item de Centralização da Cultura o recurso de
cerca de 27% do valor e destina a um único grupo.
Essa
forma de compor orçamento público não é nova, portanto, não é inaugurada nesse
episódio, agora. Também não é nova a
nossa crítica a esse tipo de procedimento, a essa forma de compor o orçamento.
Em primeiro lugar, não está em discussão o valor cultural, artístico do
grupo em questão, a “Terreira da Tribo”; essa não é a discussão. Não cabe talvez
a uma Câmara de Vereadores definir o que é bom ou não para a cultura,
portanto não é esse o tema que estamos debatendo. Estamos discutindo se é
correto ou não, de um total de
novecentos e dois mil reais, retirar vinte mil reais destinados a toda à
descentralização da cultura, à música, à dança, ao teatro, à literatura, e
tantas outras atividades culturais, se é justo retirar 27% desse valor total
para apenas um grupo. Facilitou-me um pouco a situação, porque o caro Ver.
Antonio Hohlfeldt não tem defendido a sua Emenda, portanto parece que é uma
Emenda que tende a ficar abastardada, como diz o Ver. Cláudio Sebenelo. Não acho
nada ilegítimo que a Secretaria Municipal de Cultura e todos os produtores
culturais que se sintam objetivamente
prejudicados com essa Emenda,
estejam manifestando as suas opiniões por escrito, presentes na Sessão ou
discutindo com Vereadores e com todos os segmentos, porque é assim que se
compõe a construção das opiniões numa
cidade. O Ver. Antonio Hohlfeldt por “motu próprio” definiu que ia tirar 27% do
recurso total da descentralização da cultura para um único grupo. Ele não
discutiu com ninguém os critérios que usou, ninguém sabe qual o critério usado,
valor cultural, valor histórico, valor artístico! Bem, e o Grupo de Camilo de Leles, por exemplo, de Nestor
Monastério e tantos outros não têm valor cultural, valor artístico, não têm
importância para a Cidade?
O Sr. João Dib: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu acompanho o raciocínio de V. Exa. e não
concordo. Como V. Exa. faz a defesa dos 27%, como explicaria os 20% dados à
Associação de Escolas de Carnaval e assinado num contrato com um funcionário da
Prefeitura. São 20% do orçamento da Secretaria.
O SR. GERSON ALMEIDA:
Sr. Ver. João Antonio Dib, o orçamento destinado ao carnaval, a esta grande e
maravilhosa festa popular, é também votado em Sessão.
O Sr. Guilherme Barbosa: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para lembrar, Ver. Gerson
Almeida, que são todas as escolas ligadas a uma Associação e não se compra
nenhuma sede para a Associação. Muito obrigado.
O SR. GERSON ALMEIDA:
Exatamente, o Ver. João Antonio Dib, por ser
sábio, inteligente e experiente, ele sabe muito bem que esse argumento
não ajuda muito. Mas de qualquer sorte, o
carnaval é uma grande festa popular e reúne milhares de pessoas, dezenas
de escolas e, naturalmente, não privatiza para apenas um grupo 27% dos recursos
públicos. A discussão é bastante séria e
me parece que o que cabe a nós, agora, ao apreciar esse Veto acompanhar o
Prefeito.
O SR. PRESIDENTE:
O Ver. Renato Guimarães inscreve-se e
cede seu tempo. V. Exa. tem mais cinco minutos.
O SR. GERSON ALMEIDA:
Obrigado. Devemos acompanhar o Veto do
Prefeito, porque vamos com isso repor a possibilidade de continuarmos
aprofundando uma experiência que alguns anos vem-se firmando na Cidade, que é o
Projeto de descentralização da cultura,
que tem permitido às camadas populares, às várias regiões da Cidade de Porto
Alegre ter acesso a belos e plurais espetáculos em todas as áreas da cultura.
Seria muito ruim para esse processo que está-se constituindo e se aprofundando
na Cidade que nós impuséssemos, através desta Emenda, que apenas um único grupo
tivesse que se apresentar 500 vezes para a Cidade, fazendo com que aquelas
outras dezenas de grupos, já tão experientes, tão antigos e tão importantes
quanto o “Terreira da Tribo”, e tantos outros novos grupos, não tenham a
possibilidade de se apresentarem para a população, modestamente porque são
novecentos mil reais apenas, mas que esses novecentos mil reais sejam
democrática e pluralmente divididos, e não que seja pego a maior parte para
apenas um grupo construir seu teatro. Parece que não existe nenhum critério
ético, de legitimidade, nenhum critério de política cultural que justifique
isso. Portanto as cartas que a Secretaria e várias pessoas distribuíram são
legítimas e, inclusive, a carta de V. Exa. ao “Jornal ABC” está entre elas,
onde também lá, assim como da tribuna, V. Exa. não defendeu a sua Emenda,
apenas atacou a Prefeitura e todos os outros grupos que também querem o direito
de ter um lugar ao sol na política cultural de Porto Alegre Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Por
cessão de tempo do Ver. Cláudio Sebenelo, tem a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, para discutir.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Houve uma série de equívocos do Ver. Gerson
Almeida, sobre se eu defendo a minha Emenda ou não, se ela é mais ou menos
bastarda, se os diretores de teatro da Capital estão contra ou a favor - aliás
vejo aqui apenas um único diretor de teatro, que trabalha na Secretaria de Cultura,
não vejo aqui mais nenhum diretor de teatro, e nenhum diretor de teatro se
manifestou a favor ou contra o assunto. No último erro do Ver. Gerson Almeida,
quero dizer que o meu artigo não foi distribuído pela Secretaria, fui eu que o
distribuí na segunda-feira, tanto que a cor do papel é diferente.
Mas
quero discutir realmente a essência. Vemos aqui um cartaz que diz que a Emenda
“tira dinheiro da cultura”, e vemos que o cartaz diz que “tirar dinheiro da
cultura para botar no ‘Ói Nóis Aqui Traveiz’ é desvestir um santo para vestir
outro”. Eu pensei que o “Ói Nóis Aqui Traveiz” era da cultura também. Mas aí
está o nível de manipulação. Cochicham coisas nos ouvidos das pessoas e elas
repetem e não se dão conta da incongruência disso.
Outra
incongruência levantada aqui pelo Ver. Gerson Almeida, de que estaríamos
prejudicando os outros grupos, que tiramos dinheiro de uns para botar nos
outros. O primeiro movimento cultural desta Cidade que brigou para aumentar a
verba da cultura e, sobretudo, aumentar a verba da descentralização da cultura
foi exatamente o “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Foram eles que, indo para os debates
do Orçamento Participativo da Região Centro, e depois na temática, fizeram com
que essa rubrica crescesse ao longo dos anos. E agora eles recebem o
agradecimento. Através de mim, eles são acusados de prejudicar os outros.
Através da Emenda deste Vereador, eles são acusados de tirar dos outros, de
quererem para si, ou de este Vereador não ter ouvido ninguém, de ter decidido
por conta própria sobre critérios pessoais.
Eu
não sei há quantos anos o Ver. Gerson Almeida acompanha o movimento cultural e
teatral de Porto Alegre. Eu acompanho há 27 anos. Desde o meu primeiro ano de
jornal eu entrei no jornalismo cultural. E tive a alegria imensa de, quando
saiu um livro em homenagem e com a história do “Ói Nóis Aqui Traveiz”,
encontrar ali artigos dos quais eu nem me lembrava mais, da época da ditadura
em que a gente, dentro das páginas do Correio
do Povo, sustentava e defendia o “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Então, Ver. Gerson
Almeida, a minha defesa do “Ói Nóis Aqui Traveiz” não é nem intempestiva, nem
bastarda, nem de última hora, nem oportunista, nem nada disso. É uma
intervenção coerente com a minha história e com a história do próprio grupo. O
que me parece lamentável é que se negociaram todas as demais emendas, mas o PT
tinha uma orientação clara que o Ver. Gerson Almeida, na época Líder da
Bancada, me transmitiu: não tem
negociação na Emenda do “Ói Nóis Aqui Traveiz”.
Isso
tem que ficar bem claro. Não é que não se quer isso ou aquilo. O Ver. sabe, já
foi dito para ele. Nós jogamos um valor determinado, que foi cortado três vezes
do próprio valor, levantado pelo grupo, que ele necessita para poder adquirir a
área. Exatamente porque aquela área não é para ficar de propriedade exclusiva
do “Ói Nóis Aqui Traveiz”, porque a proposta da associação dos amigos é tornar
aquela área acessível a todos os demais grupos. É por isso que nós defendemos
essa Emenda e defendemos a idéia de garantir o “Ói Nóis Aqui Traveiz” ali. Eles
ficam ali, mas não ficam proprietários e nem ficam donos ou usuários
exclusivos. Ao contrário. É mais um centro de cultura que Porto Alegre vai
poder receber e vai poder trabalhar. Com aquele tipo de cultura que, ao longo
de muitas décadas, foi marginalizado, foi preconceituosamente analisado e foi,
muitas vezes, como aqui registrei, perseguido, acho curioso essa contradição,
não consigo entender por que se tem
tanta raiva, por que se nega tanto um espaço a esses companheiros. Esta é a
discussão fundamental. Ouvi dizer que é inconstitucional porque se privilegia
alguém. Ora, o Projeto que nós vamos votar, na próxima semana, das AEIS, nós também vamos privilegiar, dentre 300
vilas, 50 delas. O Projeto vem da
Prefeitura e, a essas alturas, também é
inconstitucional. Por que 50 e não as
300 vilas? É a mesma questão, por que não um grupo, ao invés de 30? É a mesma
coisa, a não ser por uma diferença: o Projeto das AEIS, vem assinado pelo
Prefeito, o outro é uma Emenda de um Vereador de oposição. Esta é, talvez, a
grande diferença. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir.
O SR. ADELI SELL:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Antes de mais nada, quero cumprimentar a
comunidade cultural que acompanha, com atenção, esta discussão. Ao cumprimentar
a Secretária Margareth Moraes, creio que cumprimento a todos.
Em
cultura não existe, de antemão, alguém que faça algo melhor do que o outro. São
várias manifestações diferenciadas que a nossa sociedade pode, num determinado
momento, em nossa Administração, rejeitarmos ou cortamos interesses; em nenhum
momento apoiamos apenas um determinado segmento. Nós abrimos todos os espaços
públicos e criamos outros tantos para todas as manifestações culturais, para
todos os grupos culturais. Eu pergunto: alguém pode nos acusar de não ter
encontrado um local na Usina do Gasômetro, nos teatros da nossa Cidade, nas
escolas, nos centros comunitários? Hoje a cultura se discute de tal maneira na
nossa Cidade, porque nós conseguimos fazer com que as manifestações, muitas
vezes abafadas, muitas vezes não incentivadas e até tolhidas, agora possam se
manifestar livremente nos quatro quadrantes de Porto Alegre. Nós sabemos que
precisaríamos ter muito mais lugares para as manifestações culturais, mas pergunto:
é preciso que tenhamos mais um espaço na Cidade Baixa, quando já existem outros
espaços nesse mesmo Bairro? Não seria necessário termos a preocupação de buscar
mais espaços na Restinga, na Zona Norte, no Jardim Leopoldina e nas Ilhas, onde
existem manifestações históricas e que estamos preservando e incentivando?
Houve
queixas de que em alguns momentos não há lugar para ensaios. Pergunto ao grupo
- que respeito e conheço tanto quanto o Ver. Antonio Hohlfeldt, porque
participo desde o dia em que cheguei a Porto Alegre das preocupações, e estive
junto com vários companheiros do “Ói Nóis Aqui Traveiz” em manifestações, não
apenas culturais, mas inclusive políticas - se houve algum pedido para que esta
Casa, com os vários espaços que
existem, cedesse algum espaço para alguma manifestação? Não, que eu saiba. Aqui
existem espaços que nós estamos utilizando com muita freqüência, mas que
queremos utilizar mais e melhor. Tenho certeza de que nós, muito em breve,
estaremos em outras campanhas para buscarmos outros espaços culturais na nossa
Cidade, não apenas do Poder Público, mas em organizações não-governamentais,
sindicatos - nós temos vários sindicatos que têm trabalhado com manifestações
culturais: o Sindicato dos Metalúrgicos, o Sindicato dos Trabalhadores na Alimentação -, são espaços que se abriram para a categoria e
sempre que necessário, tenho certeza de que a grandeza de suas direções abrirão
as portas para qualquer grupo de teatro, de música, enfim, para todas as
manifestações culturais. Portanto, nós estamos abertos para discutir essa
questão com a sociedade, com a cultura. No entanto, não podemos privilegiar um
em detrimento de centenas de pessoas e de manifestações culturais. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para discutir.
O SR. JOÃO DIB:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores. O assunto é cultura e eu gostaria que alguns
Vereadores tivessem cultura, cultura suficiente para um debate sem agressões;
cultura suficiente para saber responder qualquer questionamento, mas nunca com
agressão. Eu estou cansado de ser agredido, de ver levado o assunto para um
lado que eu não propus. Acompanhei atentamente, diligentemente - como sempre
faço -, atenciosamente - como sempre faço -, educadamente - como sempre faço -
a exposição do Ver. Gerson Almeida e depois um aparte. E diziam eles que eu era
velho.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a minha mãe que vai fazer 94 anos sempre me
ensinou: “Filho, homem inteligente não envelhece, acumula juventude”. E eu
gostaria que aqueles que falam do tempo tivessem acuidade visual, mental, intelectual para então, depois, fazerem
as críticas que querem fazer, da maneira que desejam fazer.
Eu
digo a V. Exas. que vou votar favoravelmente ao Veto, não pelas razões trazidas
e expostas aqui, porque quem não tem cultura agride. Eu vou votar por acuidade.
Sinto-me jovem, tenho acuidade visual, mental, intelectual, tenho saúde
perfeito, e estou muito bem. E vejo que
a rubrica, em que foi consignada para o outro grupo, não está correta, e,
então, não tem por que aplicá-la. Mas quando eu faço um questionamento dizendo
que 20% do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura foi entregue num
contrato que não poderia ser feito na forma da lei, tem que respeitar, pois a
Lei Orgânica diz que funcionário não pode assinar contrato com o Município. O
Estatuto do Funcionário Municipal diz que ele não pode assinar contrato com o
Município. A Lei nº 8666 diz que não pode assinar contrato com o Município.
Então, o questionamento que fiz foi pela acuidade intelectual, mental e visual,
que me parece que falta para alguns.
O Sr. Gerson Almeida: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro Ver. João Dib, eu quero
em primeiro lugar dizer que seu aparte foi absolutamente correto, inteligente,
como costumam ser as suas observações, mesmo aquelas da qual discordo. Se, por
ventura, o termo que usei na tribuna lhe ofendeu, eu quero dizer que sou a
última pessoa a querer ofender qualquer um, especialmente pessoas dignas como
V. Exa. Portanto, por favor, não pegue um termo da tribuna como algo que ele
não tem. De qualquer sorte, faço questão de registrar isso neste aparte. Muito
obrigado.
O SR. JOÃO DIB: Nobre
Ver. Gerson Almeida, V. Exa. sabe que a sua amizade é igual a minha, nós somos
amigos e eu também lhe respeito. Mas, de repente, é preciso que se fale em
cultura, se fale em acuidade, se fale em preocupação. Eu gostaria, nobre
Vereador, que todos os Vereadores desta Casa pudessem ter a mesma tranqüilidade
que eu tenho quando falo dos assuntos do Município, que tivessem o mesmo amor
que eu tenho pelo Município. Eu não estou preocupado com idade, até por que,
como já disse, a minha mãe me ensinou: “Homem inteligente acumula juventude”. E
eu, lamentavelmente para alguns, sou um acumulador. Aprendi e respeito
profundamente minha mãe porque ela me ensinou desde pequeno, e eu tinha que
aprender. Então, na realidade e na verdade, eu vou votar pela manutenção do
Veto porque, inclusive, escrevi no meu voto, na Comissão de Finanças, “com
restrições”, porque eu achava que a rubrica não estava correta. Então, sem
dúvida nenhuma, é meritória a preocupação da Secretária; mas, também, a minha
acuidade visual me levou a ler que o contrato com a Associação das Escolas, -
segundo está escrito, segundo os meus olhos que aqui ainda estão, - foi
assinado no dia 23 de dezembro de 1998, que ainda vai acontecer. Saúde e paz.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A
Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para discutir.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, cidadãos de Porto Alegre, que maravilha é
a democracia! É esse o regime que vivemos atualmente e esperamos poder vivê-lo
por muitos e muitos séculos.
Pois
é, o “Ói Nóis Aqui Traveiz” iniciou seus trabalhos há mais de 10 anos, numa
época difícil, na época da ditadura, onde as pessoas não tinham - como nós - o
direito que agora temos de vir à tribuna, cada um, colocar da forma como melhor
entendermos. Aqui, tivemos posições contrárias, favoráveis; mas, na época em
que esse aguerrido grupo iniciou, não teve essa oportunidade. Então, foi
perseguido. Por suas manifestações foram presos, ameaçados, enfim, tiveram que
domar um pouco a sua forma, a sua vontade de se manifestar, de falar
abertamente, como hoje podemos e que, naquela época, lhes foi tolhido. E o Ver.
Antonio, Vereador ilustre, que já foi inclusive Presidente desta Casa, e que
está no seu quarto mandato, que tem demonstrado o seu amor por Porto Alegre,
pela cultura desta Cidade, mostra, também, amor por esse grupo do qual ele
tenta resgatar a história. Seria uma homenagem a esse grupo que tanto fez
história nesta Cidade.
Em
Porto Alegre, poucos têm valorizado esse grupo, mas ele tem sido
reconhecido nas críticas do centro do
País ou de fora, quando são apreciadas suas peças ou as manifestações feitas
aqui em Porto Alegre. Sendo assim, Porto Alegre deve a esse grupo.
Disse
o Ver. João Dib que 20% do orçamento da cultura estariam destinados ao carnaval
de Porto Alegre. Eu não sou contra isso, mas o Vereador está certo: é um
privilégio para um setor da sociedade. Mas eu
sou coerente quando venho a esta tribuna votar pela rejeição desse Veto,
porque se sou a favor de que 20% da verba da cultura sejam destinados ao carnaval, a grande festa popular do nosso País, eu
também tenho que defender essa emenda que privilegia, de certa forma, esse
grupo, mas que, amanhã, poderá privilegiar outros grupos com a mesma história do “Ói Nóis Aqui Traveiz”.
Nós
devemos ser coerentes. O Ver. Dib se
pronunciou de forma coerente: disse que vai votar favoravelmente ao veto,
porque ele é contra o privilégio que é a verba destinada às associações
carnavalescas. Eu, ao contrário, sou favorável à verba destinada ao carnaval e
sou favorável, também, à verba destinada a esse grupo que tanto tem feito por Porto Alegre. Estaremos assim
homenageando esse grupo que representa agora, no espaço pelo qual estamos
lutando, a peça “A Exceção e a Regra”, de Bertolt Brecht.
Lembro
aos Senhores que esse grupo foi convidado para apresentar na Alemanha a peça “O
Fausto”, que tanto sucesso fez aqui. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento para prorrogação da Sessão por mais duas horas.
A
Vera. Sônia Santos está com a palavra para encaminhar.
A SRA. SÔNIA SANTOS:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aproveito este momento do encaminhamento que
faço favoravelmente à prorrogação da Sessão por duas horas para dizer aos
nobres colegas que o trabalho que esta Casa faz é, realmente, positivo e,
muitas vezes, nós podemos ver os seus frutos muito rapidamente. Recebi um
comunicado por parte do DEMHAB, dizendo que a água foi novamente ligada no
Bairro Rubem Berta. Aquelas pessoas poderão finalmente ter água, que é um
elemento básico. Isso significa que o trabalho dos Vereadores é feito em
consonância com as necessidades da população:
as pessoas da comunidade se mobilizam e os Vereadores se unem, e nós temos a sensibilidade do Governo
Municipal em atender à solicitação. Por isso, com muita tranqüilidade, nós ficaremos
aqui por mais duas horas, votando todos os Projetos. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento que solicita a prorrogação da Sessão por duas horas.
Os Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO, contra
o voto do Ver. Carlos Garcia. A Sessão está prorrogada por mais duas horas.
O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu tive a oportunidade de votar contra a presente
Emenda, quando discutimos o orçamento das diferentes unidades administrativas
do Município. E agora estamos diante do Veto oferecido pelo Sr. Prefeito
Municipal. Penso que está correto o Prefeito Municipal ao vetar a referida
Emenda, por uma série de razões. Não está em discussão a “Terreira da Tribo”, o grupo teatral “Ói
Nóis Aqui Traveiz”, porque essa entidade tem serviços memoráveis prestados à
luta pela liberdade, à comunidade e à área cultural. Quanto a esse aspecto nós
nos colocamos de forma tranqüila. A questão que tive a oportunidade de apontar
quando se discutia a Emenda, e que aponto novamente neste momento, é a questão do critério adotado para se desfazer a
despesa pública assentada nessa ou naquela entidade. O critério não pode ser
personalista; ele tem de passar por uma análise da impessoalidade. Há uma
disposição criteriosa no âmbito do direito administrativo, no sentido de
estabelecer normas que não tenham conotações, por mais relevantes que sejam.,
personalizadas, individualizadas. Os critérios têm que ganhar a generalidade.
Até
diria que conta, sim, o valor destinado à referida instituição, que não está em
jogo. Temos aqui a soma de duzentos e cinqüenta milhões de reais, que
representam 4% do orçamento da Secretaria da Cultura. Vejam que isso, jogado na
distribuição dos programas de governo para essa ou aquela área, mais
especificamente para esta área, representa um rombo que pode contrariar o
programa montado, aquele que tem a outorga popular para administrar a Cidade
nos mais diferentes terrenos.
A
questão que fica para debate é a do critério, sem deixar de aduzir um elenco de
outras atividades, outras entidades que também dedicam relevantes serviços à
cultura da Cidade e do Estado. O que está em jogo, salvo melhor entendimento, é
o critério, que não contempla a universalidade, mas que contempla a
singularidade, a pessoalidade, a indicação específica.
Resguardada
a competência da Casa para tratar matéria dessa natureza, teríamos que buscar
alguns critérios para trabalhar nesse terreno, porque, do contrário, podemos estar fazendo justiça por fração,
justiça à “Terreira da Tribo”, mas não estaremos fazendo a justiça
generalizada, a justiça feita de forma universal. Aí, poderemos, sim, até não
envolvendo a “Terreira da Tribo”,
cometer a injustiça, quando eu não distribuo de forma eqüitativa, de
forma imparcial, de forma impessoal,
recursos para que essas entidades cumpram com as suas finalidades.
Nesse
sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou continuar mantendo o entendimento que esposei e o meu voto quando discutíamos a Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está
com a palavra o Ver. Henrique Fontana para discutir.
O SR. HENRIQUE FONTANA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de
ressaltar - e ouvi com atenção a defesa que o Ver. Antonio Hohlfeldt fez
da Emenda - que seguramente o erro mais importante que podemos cometer ao
analisar esta Emenda é tentar transformá-la em uma emenda que divida a Cidade
ou o Plenário desta Câmara entre aqueles que têm sensibilidade para a história
e para o papel da “Terreira da Tribo” dentro do espaço cultural da nossa Cidade
- e esses estariam a favor da Emenda, por essa visão maniqueísta - e aqueles
que estão contra a Emenda, que estariam contra o reconhecimento do importante
papel que esse grupo tem na história cultural da nossa Cidade.
O
Ver. Antonio Hohlfeldt usou palavras como ódio. Seguramente de parte da
Administração que represento não existe esse sentimento e talvez pudesse fazer uma
digressão e uma reflexão sobre, quem sabe, como uma Emenda como esta pode ser
colocada em debate na sociedade exatamente para gerar tensões e ressentimentos,
porque a imensa maioria da Cidade, para não dizer a totalidade, apóia a busca
de uma solução para garantir o espaço onde atua a “Terreira da Tribo”. Agora,
não podemos, ao nos solidarizarmos com
essa posição, entender que podemos abrir um critério diferente para discutir o orçamento público. É
evidente que todos reconhecemos o papel da “Terreira da Tribo”, mas reconhecer
o papel da “Terreira da Tribo”, ou de qualquer outra entidade ou instituição,
não passa por fazer um uso não impessoal do orçamento público. Aliás, a
história e a cultura da política do nosso País tem exatamente essa chaga, essa
marca do uso do orçamento público para beneficiar determinados grupos. Quando
nós aceitamos esta lógica, tanto pode servir para beneficiar uma causa justa
como pode, também, servir para
beneficiar amigos do rei. Pode servir para manipulação política do orçamento
público. Pode servir para se comprar poder através da manipulação de votação de
recursos públicos que não são nossos, de cada um dos vereadores.
Então,
voto pela manutenção do Veto. Voto contra a Emenda e continuarei lutando - não
sou um militante da área da cultura, mas um cidadão que respeita muito o
trabalho da “Terreira da Tribo” - para que se encontre uma solução acerca do
espaço que hoje ela ocupa. Estive, inclusive, num ato público no Largo Glênio
Peres, que defendia e buscava solução para esse problema. Agora, estamos todos
absolutamente tranqüilos e estou aqui para dizer que votar a favor desta Emenda
seria votar num critério de destinação dos recursos públicos inadequados e que
o nosso País já pagou, em muitos momentos, por
utilizar esse tipo de critério. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra para discutir.
O SR. LAURO HAGEMANN:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, fui um dos que, nesta Casa, ajudou a aprovar
a Emenda. Na época, falando com o pessoal da “Terreira”, a quem me ligam laços
muito antigos de afeto, de lides artísticas teatrais, eu dizia que se o
Prefeito vetasse eu aceitaria o Veto. É o que faço hoje com toda a
tranqüilidade.
O
que me prende à “Terreira da Tribo”, e ao “Ói Nóis Aqui Traveiz” não é essa
Emenda, são laços mais antigos: o reconhecimento da importância que tem esse
grupo para a Cidade e a importância que tem aquele local onde estão instalados.
Isso levou o meu gabinete a alterar a data de um encontro que estava marcado,
originalmente, para segunda-feira e que nós pedimos para transferir para
terça-feira, dia 24, porque na segunda-feira vamos estar todos discutindo o
Plano Diretor, uma reunião com a Secretaria da Cultura, com o representante do
Prefeito, com o envoltório todo, nós nos reuniremos para encontrar uma saída
concreta para que a “Terreira da Tribo” e o “Ói Nóis Aqui Traveiz” tenham
definitivamente resolvido o problema que os aflige e nós vamos ter que
encontrar essa saída. Esse é um compromisso que tem que ser assumido e nós o
assumiremos.
Por
isso a tranqüilidade relativa que transmito à Casa é essa: que o Veto seja
aceito não por algumas das razões que foram expostas aqui. Eu acho que a
Emenda, com todo o respeito ao Ver. Antonio Hohlfeldt, foi apresentada de modo
incorreto, tecnicamente incorreto. Então, o Prefeito teve essa base
jurídico-técnica para vetá-lo e eu acho que esta Casa vai aceitar o Veto, mas
nós ficamos com a obrigação moral de respaldarmos qualquer tentativa que venha
a se desenvolver para que o problema da “Terreira da Tribo” e do “Ói Nóis Aqui
Traveiz” seja resolvido; e tem que ser resolvido até agosto, porque é o prazo
que tem o Grupo para desocupar aquela área. Nós temos que assumir esse
compromisso. Rejeitamos o Veto mas temos que firmar o compromisso d e exigir que a Prefeitura apresente outra
alternativa.
Com
relação aos espaços culturais, eu só queria dizer aqui que existem algumas
coisas que temos que cobrar, uma delas é a exigência dos “shopping centers”
terem espaços para as representações teatrais. A ampliação do Iguatemi não está
oferecendo esta alternativa. Outros “shopping
centers” já têm salas projetadas. Um que está sendo construído já tem salas de
teatro projetadas, mas é um dos espaços que foram reclamados para que a Cidade,
os grupos teatrais possam desenvolver as suas atividades. Isso é uma coisa que
esta Casa precisa ficar atenta, porque foi aqui que foi aprovada a Lei, dizendo
que os “shopping centers” deveriam ter espaços para teatros e não só para
cinemas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é verdade que estamos quase chegando às 19
horas sem que nenhum projeto tenha sido votado na Casa, nesta tarde. As razões
nós conhecemos. Nós temos algumas distorções que o tempo vai nos ensinar a
corrigir.
Eu
inicialmente pretendia não discutir esta matéria. Não iria discutir porque até
não tenho, como o Ver. Lauro Hagemann, esse grau de vinculação à Entidade
beneficiada com a Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, em que pese eu ser um homem
cordato e ouvir de todos nesta Casa que ela é uma entidade que merece ser
assistida, que o problema tem que ser resolvido; e que se não for pela forma
entendida pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, terá que ser de uma forma qualquer; e
que o Município não pode fugir a essa responsabilidade; e que existe um período
negociado até agosto do corrente ano para se encontrar uma solução para esse
problema que, evidente, terá que ser encontrada.
Então,
se o assunto se encontra nessa ordem, eu preciso raciocinar nos termos que eu
posso raciocinar. Até porque - vejam bem - essa discussão se presta a uma série
de discussões que eu não posso, honestamente, deixar de me manifestar.
A
discussão desse assunto permite que o Ver. João Dib estabeleça um paralelo com
a situação das Associações das Entidades Carnavalescas de Porto Alegre, cujo
Presidente, por ser servidor municipal, vem sendo reiteradamente acusado de
promover uma ilegalidade ao firmar, em nome da Entidade, na condição de
Presidente daquela Entidade, um Contrato com a Prefeitura. Então, evidentemente
que sendo esse servidor vinculado ao meu gabinete, eu tenho que vir a esta
discussão porque eu não acobertaria que um servidor do meu gabinete ensejasse a
uma ilegalidade, contratando com a Prefeitura o que não devesse.
O Sr. João Dib:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu não
acusei o servidor do Município, não. O Procurador-Geral do Município, esse sim,
assinou primeiro que o servidor e esse deveria saber que o servidor não poderia
assinar. Ao servidor nenhuma acusação.
O SR. REGINALDO PUJOL:
Sou grato a V. Exa. pelo aparte que,
aliás, vem fazer jus ao seu espírito de justiça, de vez que esse assunto surge
de inopino no meio dessa discussão. E
nós ficamos aqui, nós que não temos com
a “Terreira da Tribo” maiores vinculações, inclusive, neste assunto,
louvamo-nos, sobremaneira, naquilo que nos informa o Ver. Antonio Hohlfeldt, que é um homem que tem vínculo
objetivo. E pretendíamos eliminar o processo em função de que um dos motivos do
Veto é acoimar de inconstitucional a Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt,
e eu já disse na Comissão de Justiça que por esse meio eu não posso
acompanhar o Veto do Sr. Prefeito,
porque não entendo que seja inconstitucional.
Agora,
sou levado a discutir questões de méritos. Ouvi várias vezes, por parte dos
companheiros, de forma informal, que houve um exagero nos valores contemplados
por esta Entidade, o que fez com que ficasse um peso
desproporcional dentro do orçamento do Município, já que ela era contemplado
com um valor muito alto. Acho que se temos que fazer o bem, se temos que fazer a
coisa correta, o tamanho do valor é irrelevante. No mérito eu não quero, como
falou o Ver. Henrique Fontana, ser maniqueísta, dizer quem quer apoiar e quem
não quer apoiar, mas nós estamos dentro dessa situação. Todos aqui estão dizendo
que têm que apoiar, que é preciso até agosto se encontrar uma solução. O Ver. Antonio Hohlfeldt
oferece uma perspectiva de solução pelo meio legal, no meu entendimento. O
acolhimento da forma proposta pelo Ver. Antonio Hohlfeldt resolve o problema,
tornam desnecessárias as audiências que vão ser feitas com o Sr. Prefeito Municipal
para encontrar uma solução, a solução está encaminhada. Então, fico a
questionar se estamos aqui diante de uma outra situação de maniqueísmo, ou
seja, vamos resolver o problema da “Terreira da Tribo” desde que seja por outro meio que não o proposto pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. É um problema de assinatura? Então acho que
é mais prático ficarmos com o primeiro que levantou o problema e que dá uma
solução, no meu entendimento, legal e que passa a ser justa, porque essa
justiça era conhecida por todos os que
vieram à tribuna, dizendo que tem que
ser apoiada a “Terreira da Tribo”, se tem que ser apoiada, vamos fazê-la pela
forma legal, encontrada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para
discutir tem a palavra o Ver. Guilherme Barbosa.
O SR. GUILHERME BARBOSA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. É preciso dizer de saída que a minha posição,
que também é a posição do meu Partido, porque discutimos o assunto em nossa
Executiva Municipal, é em tese. Neste momento estamos discutindo uma Emenda que
está ligada à “Terreira da Tribo”, mas teríamos a mesma posição se fosse com
relação a outro grupo. E também reafirmar que não há como negar a importância
deste grupo para a cultura de Porto Alegre. Mas qual é a tese, então? A tese é
que não podemos aceitar que ao Poder Público Municipal se dê o encargo de
procurar dar a infra-estrutura de local para um grupo cultural. Pergunto aos
Srs. Vereadores: associações de moradores são importantes? Sim. Talvez, sob alguns
aspectos, mais do que as outras. Mas como agiria, então, o Poder Público
pressionado por essas várias entidades que não têm local para o seu
funcionamento? Estaria também obrigado da mesma maneira a fornecer a
infra-estrutura a estas entidades. E principalmente no campo da cultura, em que
entramos num aspecto subjetivo muito forte, avaliar que um merece e que outro
não merece não tem jeito, porque todos se sentem importantes e todos acham que
a sua expressão cultural merece este apoio. Quero marcar isto.
Ao
mesmo tempo, a Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt parece - depois de ouvir algumas manifestações - que
não foi lida por todos. Ela propõe que o grupo de atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz” seja contratado pela
Secretaria da Cultura e que essa contratação, ao longo de 1998, perfaça o
montante de 250 mil reais. Tenho informações
que na média os grupos de Porto Alegre são contratados pela Secretaria
por em torno de 1000 reais. Então, seria necessário que a “Terreira da Tribo”,
ou o Grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz” fosse contratado 250 vezes no ano de 1998
para que chegássemos ao montante de 250 mil reais e, desta forma indireta
conseguisse encaminhar a compra do imóvel na José do Patrocínio. Além disso, há
um erro técnico na Emenda, embora esse seja o aspecto menos importante. Então,
quero dizer que na nota que tiramos da reunião em que recebemos a “Associação
dos Amigos da Terreira da Tribo” está firmado pelo nosso Partido que nós também
queremos trabalhar para procurar uma solução. Se vai haver não sei, mas nós devemos
tentar. É preciso também afirmar aqui que esse prazo de um ano, que termina em
agosto próximo, já foi obtido por interferência da negociação da Secretaria.
Portanto, não tem nenhuma posição da Secretaria de agressão à “Terreira da
Tribo”, ou de má-fé ou outras coisas, como foi dito aqui.
Eu
queria deixar essa manifestação, defendendo o Veto do Sr. Prefeito. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para discutir.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, talvez do ponto de vista técnico não haja
necessidade de uma maior discussão, embora com muita razão a intenção é das
mais meritórias do Ver. Antonio Hohlfeldt, mas é impossível se pegar um
dinheiro da área da cultura - tecnicamente da Secretaria da Cultura -, cuja
aplicação deve-se destinar a atividades de natureza cultural e se aplicar,
sobretudo, na aquisição de um imóvel. Não é por aí. Mas o que é importante é
que esse Veto, Ver. Guilherme Barbosa, proporciona, pelo menos, que o fórum da
representação política da Cidade de Porto Alegre possa, minimamente, promover
uma discussão sobre critérios, sobre métodos de aplicação dos recursos da
Secretaria de Cultura e do papel do próprio Legislativo Municipal. Eu mesmo sou
testemunha de um critério faccioso, sectário, burocrático, em relação aos
recursos do FUNPROARTE, de colocação de verbas na área de cultura.
Sou
testemunha, Ver. Elói Guimarães, assisti pessoalmente a uma rejeição
discriminatória, além de mal-educada, na época da coordenadoria do FUNPROARTE,
lá na Casa Torelly, onde uma instituição da comunidade judaica, há dois anos
atrás, foi desrespeitada, quando apresentou um pedido de verbas para um evento
de natureza artística, de qualidade extraordinária, levado a efeito por uma
fundação, cujo nome trabalha na área de danças do folclore judaico e hebraico,
Fundação Kadima.
Eu
assisti ao sectarismo de uma moça, com
critérios discriminatórios, até de natureza étnica, vejam V. Exas. E o faço com
a responsabilidade de quem detém um mandato da representação popular.
Eu
digo que a mais sagrada das
instituições dentro da estrutura de poder da Cidade, do Estado e do País, o
Legislativo, vem sofrendo um processo
de esvaziamento.
O
esvaziamento está, Ver. Pedro Ruas, nas próprias razões do Veto, quando, num
determinado momento, o Prefeito Raul Pont, afirma o seguinte: “Outrossim, a
referida Emenda é contrária ao interesse público, eis que vincula o referido
grupo teatral 27% do total destinado à descentralização da cultura, restando 73%
para outras áreas como música, dança, cinema, literatura, folclore, festas
culturais e outras a serem desenvolvidas pela população na continuidade do diálogo em desenvolvimento com as regiões
do Orçamento Participativo”.
Vejam,
com a participação, apenas do Orçamento Participativo, e digo que o Poder
Legislativo está esvaziado, porque essa representação, oriunda da vontade
popular, da soberania do voto, sequer consultou qualquer Vereador desta Casa,
perguntando se havia alguma sugestão em relação a investimentos na área da
política cultural da Cidade. Certamente algum tecnocrata me diria que isso é
competência exclusiva e privativa do Poder Executivo e não do Parlamento, mas
nós estamos falando numa integração, numa harmonia de relação entre Poder Executivo
e Poder Legislativo.
Portanto,
são essas as minhas observações daquilo que ocorre em Porto Alegre. Eu sou
favorável à participação popular do ponto de vista do Orçamento Participativo,
desde que institucionalizado, mas o que estamos vivendo - e que é a razão do
Veto - se constitui, verdadeiramente, na crise da democracia representativa,
especificamente o caso de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. O Ver. Nereu D’Ávila está
com a palavra para encaminhar.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu já havia falado ao Ver. Antonio Hohlfeldt que desde o primeiro
momento eu entendi que havia uma injustiça. Aliás, Rui Barbosa na “Oração aos
Moços” já dizia: “Justiça é tratar igualmente os iguais e desigualmente os
desiguais”. Então, creio que não se está fazendo justiça, porque então teria
que se tratar igualmente a todos os iguais - a todos os grupos. Não vou
discutir e nem conheço, só sei que esse grupo merece o maior respeito, tem uma
trajetória significativa na Cidade nas lutas sociais e merece toda a nossa
consideração; só que os outros também merecem. E inclusive há grupos, segundo
me consta, até de bairros, tipo Partenon. Vila São José, que merecem também
igual tratamento. Considero o esforço do Vereador coerente e válida a sua
iniciativa, só que não se pode cometer injustiça, por mais merecedora que seja
a entidade. Por isso, e somente por isso, sem adentrar em detalhes maiores eu
creio que não é privilegiando entidades em detrimento de outras que se vai
fazer justiça. Quanto a mim quero tratamento igual para os iguais e tratamento
desigual para os desiguais. Sou pela manutenção do Veto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para
encaminhar pelo PMDB.
O SR. SEBASTIÃO
MELO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Primeiramente eu quero dizer que não sou um cidadão que tem uma
relação diária com essa entidade, que merece de todos os rio-grandenses o
respeito pela sua luta, aliás a própria América Latina conhece o trabalho desse
grupo. Quero, ao vir à tribuna, registrar algumas questões que são importantes,
porque acho que a discussão deve buscar um pano de fundo sobre as questões
maiores. Nós sabemos que em Porto
Alegre, uma das áreas que não tem
recebido incentivo por parte do Governo Municipal, é a área da cultura, que
atrai o turismo. Porto Alegre transformou-se em corredor, ao longo do tempo, e
aqui o turista não pára. E aí vem para esta Casa, através do Ver. Antonio
Hohlfeldt, que é um Vereador da área da cultura, um homem que vive o dia-a-dia
da cultura, a destinação de 250 mil reais para uma entidade reconhecida por
todos os Vereadores pelo serviço prestado à comunidade. Aí eu vejo aqui um
Vereador, da experiência do Lauro, que eu tenho um carinho muito especial, e
acho que coloca muito bem, dizendo que temos que abrir nos nossos “shopping
centers”, espaços culturais que não existem, mas a questão é agora, é aqui.
A “Terreira da Tribo” se não receber o
dinheiro não tem como ficar, e aí eu pego, Srs. Vereadores, algumas
contradições, porque é evidente que existem precedentes de verbas carimbadas
para adentrar nas questões. Eu não sei se os jornais publicaram e eu li, e
talvez possam me esclarecer, que houve um concurso de crônicas sobre o Brique
da Redenção, feito pelo Prefeitura, e a
Prefeitura não publicou, mas no entanto teve dinheiro para publicar a
cartilha dos sem-terra. Justa luta dos sem-terra, ao qual nos somamos, mas para
isto tem dinheiro, mas para a “Terreira da Tribo”, Vereador, quero contestar,
acho que deveria haver dinheiro para outros tantos grupos musicais e culturais
desta Cidade, e não apenas para o “Terrreira da Tribo”.
Eu
venho a tribuna apenas para chamar a atenção dessas contradições. Se fosse na
Assembléia Legislativa do Estado, os nobres representantes da Bancada
Governista, da Bancada de Oposição lá na Assembléia, do PT estariam dizendo,
temos que votar sim, mas como é aqui no Município, dizem que não. Então, está
aí a contradição do Partido dos
Trabalhadores, que convive não só com a “Terreira da Tribo,” que tem convivência cultural com todos os grupos, que diz
que incentiva, mas na hora de repassar o recurso concreto, aí vota contra. Por
isso, Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PMDB, do PSDB, eu quero encaminhar
a favor e quero apenas chamar a atenção dessas contradições de que a questão
não é maniqueísmo, a questão não é de dizer
se é contra ou a favor. Acho que todos os Vereadores respeitam, tem o
maior carinho. Agora, eu acho que é uma questão de coerência. É preciso
destacar isso neste momento de votação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra
para encaminhar.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, com muita simplicidade e objetividade, quero
apresentar as razões pelas quais este Veto foi constituído; quero dizer a V.
Exas. não mais do que disseram aqui o Ver. Nereu e vários Vereadores que me
antecederam. Na verdade, a proposição do Ver. Antonio Hohlfeldt de estabelecer
250 mil reais para um único grupo de teatro em Porto Alegre fere o princípio
básico dos recursos da Administração, fere os princípios de moralidade,
impessoalidade, fere princípios que nós temos sido cuidadosos, permanentemente,
em mantê-los em alto e bom som, especialmente aqui na área da cultura, porque
nós e o Ver. Antonio Hohlfeldt sabemos que todo o processo que leva determinado
grupo a participar dos recursos públicos é feito através da participação da
própria comunidade na cultura, no FUNCULTURA e no FUNPROARTE. Mas nos parece
mais grave ainda que o Ver. Antonio Hohlfeldt proponha que esses 250 mil sejam
retirados do programa de descentralização da cultura. Nós queremos dizer que
quando vemos uma bela festa, como a Semana da Restinga, que mobiliza milhares
de trabalhadores - a juventude -, ali há recursos da descentralização da
cultura. É dali que o Ver. Antonio Hohlfeldt tira recursos. Quando nós na
Semana Santa, todos os anos, subimos o Morro da Cruz e vemos o Camilo de Lélis,
naquele belíssimo trabalho junto com a própria comunidade, fazendo a Paixão de
Cristo ser verdade na vida daquela comunidade, na vida de Porto Alegre e deste
Estado, é dali que o Ver. Antonio Hohlfeldt tira recursos. Quando visitamos a Festa
dos Navegantes no dia dois de fevereiro, todos os anos, quando vemos a nossa
gente participando - e ali está também a produção cultural - é dali que o Ver.
Antonio Hohlfeldt tira recursos.
Portanto,
Srs. Vereadores, não é correto. Aqui nesta Câmara nos pautamos por princípios
que não carimbam dinheiro. Nós nos pautamos por princípios e temos um carinho
tão especial com o grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz”, com a “Terreira da Tribo”, tão
particularmente especial, que queremos dizer a V. Exas., em nome da Bancada do
PT, com a nossa Secretária Margareth Moraes neste momento assistindo a nossa
Sessão, que a “Terreira da Tribo” não precisa desse recurso, que nós podemos
buscar outras soluções com a própria sociedade, mobilizando, participando,
construindo junto com a iniciativa privada desta Cidade, com homens e mulheres
que amam a cultura, para que possam viabilizar um espaço para a “Terreira da
Tribo”. Durante alguns anos estamos buscando, contribuindo, tentando viabilizar
esse espaço para a “Terreira da Tribo”, mas é importante que se diga que uma
Secretaria de Cultura não pode existir para um único grupo. Nós buscaríamos
viabilizar um espaço de ensaio, de
produção e de apresentação que reunisse outros grupos, porque não podemos ferir
princípios que são éticos, corretos, e não podemos favorecer aqueles de que
muitas vezes gostamos mais em detrimento daqueles de que menos gostamos. Enfim,
não é correto. Então, destacando a importância absoluta deste grupo para a
cultura de Porto Alegre, gostaria de dizer do carinho da nossa Bancada, mas que
sabemos que por outros caminhos que não os recursos públicos podemos viabilizar
a solução para a questão da “Terreira da Tribo”, garantindo o programa de
descentralização da cultura como também uma atividade fundamental desta Cidade.
Por
último, quero trazer uma contribuição de pesquisa do Ver. Juarez Pinheiro no
art. 122 da nossa Lei Orgânica Municipal, inciso XII, quando diz: “Dotações
orçamentárias para fins de distribuição de auxílios e subvenções a entidades,
exceto aquelas reconhecidas como de utilidade pública, são vedadas ao
Município”. É vedado ao Município auxílio e subvenção para entidades, a menos
que sejam de utilidade pública. E a pesquisa do Ver. Juarez Pinheiro aponta que
essa organização também não é de utilidade pública, mas poderá vir a sê-lo com
o nosso apoio, seguramente. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº
042/97. (Após a chamada.) REJEITADO por
09 votos SIM e 22 votos NÃO, considerando-se mantido o Veto
a ele aposto.
O Processo nº 0908/97 está sendo redistribuído de
maneira integral, já que na primeira distribuição feita faltaram duas páginas.
O SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento):
V. Exa. pode referir qual é a ementa desse Projeto?
O SR.
PRESIDENTE: É discussão e votação nominal, Ordem do
Dia, do PLCL nº 006/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, Processo nº
0908/97, com Veto Total, “que institui normas para a elaboração do Planos
Plurianuais, das Diretrizes Orçamentárias, dos Orçamentos Anuais e Balanço da
Administração Direta e Indireta do Município de Porto Alegre”.
DISCUSSÃO GERAL E
VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 0908/97 - VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO Nº 006/97, de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, que estatui normas para a
elaboração e controle dos Planos Plurianuais, das Diretrizes Orçamentárias, dos
Orçamentos Anuais e Balanços da Administração Direta e Indireta do Município de
Porto Alegre.
Parecer
- da CCJ.
Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos membros da
CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do
Regimento da CMPA.
Na apreciação
do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto, rejeita
o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita
o Veto.
O SR. PRESIDENTE:
Discussão geral e votação do PLCL nº 015/97, com Veto Total, de autoria do Ver.
Luiz Braz.
Por
ser um Projeto de minha autoria peço que o Ver. Clovis Ilgenfritz assuma os
trabalhos, porque, regimentalmente, eu não posso estar aqui no comando quando
se trata de matéria de minha iniciativa.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Em
discussão. Não há inscrições.
Requerimento, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn,
solicitando que sejam examinadas as notas taquigráficas, a fim de se observar
se foram abertas as inscrições para o processo de discussão do referido Veto.
A
Mesa tinha entendido que não havia inscrições para discussão. Mas não
encerraram as inscrições. Se algum Vereador tem a intenção de discutir, fora do
que as Lideranças haviam combinado hoje pela manhã, a Mesa abre espaço
regimental para discutir.
O SR. REGINALDO PUJOL:
Quero informar a V. Exa. que desde o primeiro momento estou assinalando que
quero discutir a matéria.
O SR.
PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Reginaldo Pujol
para discutir. Desiste. Encerrada a discussão. Em votação o PLCL nº 015/97.
(Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO
por 24 votos SIM, considerando-se
rejeitado o Veto a ele aposto.
Solicito
ao Ver. Luiz Braz, Presidente da Casa que reassuma os trabalhos da presente
Sessão.
O SR. REGINALDO PUJOL (Esclarecimento): Sr.
Presidente, V. Exa. está transferindo a presidência ao Ver. Luiz Braz, então
coloco para V. Exa. que existe um acordo entre as Lideranças desta Casa no
sentido de que, dado o adiantado da hora, não votemos o restante das matérias.
Então, estou dando essa informação, porque tomei esse compromisso com a
Liderança de sua Bancada, que já está ausente. E é visível também a falta de
quórum para votarmos as matérias da envergadura que serão as próximas a serem
votadas.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz):
Srs. Vereadores, visivelmente há quórum para nós continuarmos as discussões dos
processos.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. 1816/97 - VETO
PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 112/97,
de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que institui linhas especiais de serviço de
lotação, com terminais no Bairro Restinga e Parque dos Maias, e dá outras
providências.
Pareceres
- da CEFOR.
Relator Ver. João Dib: pela rejeição do Veto Parcial;
- da CUTHAB. Relator Ver. Décio
Schauren: pela manutenção do Veto Parcial;
- da CEDECONDH. Relator Ver. Isaac
Ainhorn: pela rejeição
do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis dos
membros da CMPA - Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos termos do Art. 174, II, do Regimento
da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM - aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto,
aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE:
Agora, neste momento, Ver. Reginaldo Pujol, não temos realmente quórum no
Plenário para prosseguirmos nem mesmo a discussão, mas naquele momento ainda
tínhamos. Por ausência de quórum encerramos a presente Sessão Ordinária.
(Encerra-se a Sessão às 19h30min.)
* * * * *